São Paulo – O banco central da Argentina vai diminuir o controle sobre a variação da taxa de câmbio do peso, a moeda local. Em comunicado publicado ontem, a instituição disse que vai “abandonar o mecanismo de desvalorização uniforme, outorgando maior volatilidade e mantendo o nível competitivo da taxa de câmbio real multilateral”.
O banco central também disse no documento que o ritmo de depreciação do peso “se adequará de forma gradual às necessidades da conjuntura, de modo a evitar efeitos não desejados sobre a competitividade, os preços internos, a evolução dos ativos e passivos” e a distribuições dos recursos vindos do exterior.
O peso sofreu desvalorização média de 0,13% por dia em 2020 por causa dos controles aplicados pelo banco central do país. Com isso, a taxa de câmbio oficial foi fixada ontem em 76,25 pesos por dólar, enquanto a do mercado paralelo é cerca de duas vezes maior.
Informações divulgadas por agências de notícias citando fontes do banco central apontam que, com a flexibilização anunciada pelo banco central, o peso deve sofrer desvalorização de quase 1% no pregão de hoje, mas que não necessariamente este grau de desvalorização se repetirá nos próximos dias.
OUTRAS MEDIDAS CAMBIAIS
O banco central da Argentina também anunciou que permitirá a compra de iuan – a moeda da China – para operações de comércio exterior, assim como a possibilidade de se celebrar contratos futuros denominados em iuanes. Isso, no entanto, não significa que será possível comprar a moeda chinesa em espécie, e também não será permitida a abertura de contas bancárias denominadas na moeda chinesa.
“O BCRA usará suas reservas nesta moeda para responder pelas operações e não está prevista a ativação do swap de moedas firmado com o Banco do Povo da China”, disse a instituição, referindo-se ao banco central chinês.
O banco central da Argentina disse que facilitará os investimentos estrangeiros diretos permitindo que eles tenham “livre acesso” ao mercado oficial de câmbio para repatriar recursos a partir do primeiro ano do aporte e bloqueou a compra de dólares por funcionários da cúpula do governo, congressistas e diretores de bancos públicos – inclusive os da instituição.