Buenos Aires – O governo da Argentina anunciou um acordo pelo congelamento de preços de 1,2 mil bens de primeira necessidade por 90 dias para conter a inflação, e o secretário de Comércio Interior, Roberto Feletti, alertou empresários do setor alimentício que se na próxima segunda-feira eles não aceitarem o pacto, o governo aplicará “leis de preço máximo não consensuais”, como a Lei de Abastecimento.
Segundo o acordo, anunciado ontem entre o governo argentino e as principais empresas de consumo massivo e redes de supermercados do país, os preços de 1.247 produtos, que incluem alimentação e limpeza, devem retroceder a 1 de outubro por 90 dias, permanecendo inalterados até 7 de janeiro do próximo ano.
“Há mais resistência dos produtores do que dos comerciantes. Eu quis formalizar um acordo para que seja cumprido e consensual. Sem maiores dramas. Obviamente, se isso não for alcançado, teremos que aplicar as leis. É o que quero impedir, porque acredito em acordos sociais. Alguns empresários receberam muito bem. Os comerciantes têm menos resistência do que os produtores”, disse Feletti em declarações à AM750.
Além disso, ele argumentou que a discussão atual é “para garantir a oferta e preços para um bom nível de consumo neste último trimestre. Precisamos parar a bola e sobre isso estamos apresentando o acordo de preços. Isso não pode continuar assim porque a cesta de alimentos vai baixar os salários”, admitiu.
Ontem, os dados mostraram que o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da Argentina subiu para 52,5% em setembro em base anual, registrando aceleração em relação ao mês anterior, quando o índice registrou alta de 51,4%, conforme relatado pelo Instituto Nacional de Estatística e Censos (Indec).
Por outro lado, na comparação mensal, o IPC subiu 3,5% em setembro, uma forte aceleração na comparação com o recorde de agosto de 2,5%, ultrapassando o “piso” de 3%, que vinha sendo registrado mensalmente. O índice, assim, acumulou nos nove meses do ano um acréscimo de 37%.
Tradução: Cristiana Euclydes