Às vésperas de feriado, Bolsa fecha em leve alta seguindo exterior; dólar encerra a R$ 5,05

335

São Paulo- Com o feriado amanhã (12) aqui em que a Bolsa ficará fechada, o Ibovespa encerrou em leve alta seguindo a melhora externa após os investidores absorverem a ata da última reunião do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), de setembro, e em dia de baixa liquidez.

O setor bancário e as mineradoras avançaram. A sessão de hoje teve bastante volatilidade.

As ações da Petrobras (PETR 3 e PETR4) caíram acompanhando o petróleo, respectivamente, 0,33% e 0,25%. Na ponta positiva, o destaque ficou para a Gol (GOLL4) com alta de 4,55% devido à queda do barril de petróleo e do dólar. Vale (VALE3) subiu 0,86%.

As ações da IRB (IRBR3) foram destaque de queda de 6,88% sem nenhum falto importante. As ações da IRB sofrem anos com grande volatilidade especulativa. A empresa em 2023 começou a apresentar melhores números em seus balanços, porém nos últimos anos amarga forte queda, disse Marcus Labarthe, especialista em mercado de capitais e sócio da GT Capital.

Mais cedo, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou o IPCA, que apontou alta de 0,26% em setembro enquanto os analistas previam avanço de 0,34%. No acumulado até setembro, o indicador teve variação de 5,19%, abaixo da previsão de 5,26%.

Hoje também saiu o índice de preços ao produtor nos Estados Unidos (PPI, sigla em inglês), que subiu 0,5% e o mercado previa alta de 0,3%. Mas os investidores ficam de olho no índice de preços ao consumidor (CPI, sigla em inglês), que será divulgado amanhã (12) quando aqui será feriado.

O principal índice da B3 subiu 0,26%, aos 117.050,74 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em outubro avançou 0,46%, aos 117.295 pontos. O giro financeiro foi de R$ 18 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam em alta.

O especialista em mercado de capitais e sócio da GT Capital, a ata do Fomc trouxe volatilidade ao mercado.

O documento afirmou que dados sugerem que a inflação está desacelerando, mas que continua acima da meta. Com isso, fica difícil um cenário de queda de juros tão cedo. Nos últimos dias diretores do Fed indicaram em suas falas que os juros não devem subir tanto por lá como todo mundo achava e não devem se manter altos por tanto tempo, pois a alta dos Treasuries já dá um alívio aos mercados.

Thiago Avallone, especialista em câmbio da Manchester Investimentos, ressaltou três pontos importantes na ata e apostava que o documento seria mais ameno que o divulgado.

“Os dirigentes do Fed estão muito preocupados com o futuro do aperto monetário. Primeiro, a preocupação das commodities dentro do cenário de guerra e se isso vai afetar ou não o preço do petróleo, o que seria ruim para a inflação; vejo as questões das greves sindicais nos EUA que podem trazer problemas para as vagas de emprego e economia local e o terceiro ponto foi a volatilidade dos índices econômicos, dentre todos foi o principal. A incerteza ou não coerência da evolução da economia americana acaba trazendo um possível aumento dos juros ainda no final deste ano. Achei que fosse precificar no mercado, mas não é isso que está se mostrando”.

Para Vicente Matheus Zuffo, fundador e CIO da Chess Capital, a ata veio em linha com o esperado e “o mercado já passou a precificar com mais de 90% de chance de manutenção nas taxas; acredito que agora o Fed vai manter o juro parado até ter mais dados”.

Gabriel Meira, economista e sócio da Valor Investimentos, a sessão está tranquila em dia de movimento fraco. “Com feriado aqui amanhã já é esperado fluxo menor de negócios. Só Petrobras que cai. Apesar de amanhã ter divulgação da inflação norte-americana [CPI] e hoje da brasileira [IPCA], abaixo do esperado e mostrou que tem espaço de corte de 0,50 ponto porcentual(pp) na próxima reunião do Copom [31 e 01 de novembro], o que é positivo pra Bolsa”.

Para Helena Veronese, economista-chefe da B. Side Investimentos, o IPCA, em linhas gerais, veio comportado e o Banco Central (BC) deve seguir com o corte de 0,50 ponto porcentual (pp) nas próximas reuniões.

“A inflação veio tranquila- a alta mensal foi de 0,23% em agosto ante 0,26% em setembro-, variação pequena. A composição de maneira geral foi basicamente inflação de transportes, grupo que tem combustíveis e, principalmente, por conta de gasolina, que sozinha fez 14 pontos. O grupo alimentação continua em deflação, mas nos próximos meses podemos ver esse item aumentar de novo. Os núcleos desaceleraram de 0,28% para 0,22%, bens industriais ficaram negativos e isso acaba tendo impacto favorável para inflação. Foi uma inflação benigna que permite o BC mantenha a política monetária desenhada, corte de 0,50 pp em 0,50 pp e, talvez, a curva [de juros] reaja a isso até porque lá fora veio um PPI em linha. A curva dos treasuries está se comportando bem e deve impactar positivamente aqui, apesar do cenário externo mais complicado”

Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, disse que o IPCA subiu puxada pela gasolina, superestimada em 4bps e higiene pessoal com 2bps de desvio, mas os enfoques do Banco Central mostram-se relativamente em linha com o esperado. “O setor de serviços exibindo variação de 0,50% frente nossa projeção de +0,52%, ao passo que subjacentes variou +0,33% ante +0,36% estimados. Os núcleos não foram diferentes, com a média exibindo variação de +0,21% ante nossa projeção de +0,24%. Com isso avaliamos que o resultado do IPCA de hoje não deverá trazer maiores implicações para política monetária”.

O dólar fechou em queda de 0,10%, cotado a R$ 5,0505. A moeda refletiu, ao longo da sessão, a esperança de que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) tenha, enfim, chegado ao fim do ciclo contracionista.

O mercado aguarda o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês), que será divulgado amanhã, e deve impactar o mercado brasileiro na próxima sexta (13), já que amanhã não haverá sessão devido ao feriado.

O analista da Potenza Investimentos Bruno Komura entende que a ata “veio em linha com o discurso após a decisão. A maior dúvida vai ser na próxima reunião. O mercado acha que vai manter, mas precisamos ver se o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) começa a moderar o discurso ou não”.

A ata da última reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), divulgada na tarde de hoje, deixou as portas abertas para um aumento residual de 0,25 ponto percentual (pp).

Para o sócio da Ethimos Investimentos Lucas Brigato, o cenário ainda é positivo, tanto no Brasil quanto no exterior, e a índice de preços ao consumidor dos Estados Unidos, que será divulgado amanhã, deve municiar as escolhas dos próximos passos da política monetária estadunidense.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros(DI) fecham em alta depois da divulgação da ata do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), que veio como esperado, em um tom mais duro.

O DI para janeiro de 2024 tinha taxa de 12,224% de 12,216% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2025 projetava taxa de 10,885% de 10,845%, o DI para janeiro de 2026 ia a 10,670%, de 10,785%, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 10,860% de 10,895% na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em alta, enquanto os traders aguardavam o lançamento dos novos números de inflação ao consumidor dos Estados Unidos e os juros dos Treasuries continuaram a recuar.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +0,19%, 33.804,87 pontos
Nasdaq 100: +0,71%, 13.659,7 pontos
S&P 500: +0,42%, 4.376,95 pontos

 

Com Paulo Holland, Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência CMA