Na ata da reunião do Banco Central Europeu (BCE) dos dias 6 e 7 de março, os membros analisaram o contexto mundial, a tendência de queda da inflação, o aumento dos salários e a possibilidade de cortes nos juros, embora existam, ainda não estão em um horizonte de curto e médio prazo.
O documento traz as informações de que não é esperada uma nova subida das taxas de juro. Os dados da inflação na zona do euro, divulgados recentemente, afastaram praticamente qualquer hipótese de um novo aperto na política monetária. A presidente do BCE, Christine Lagarde, já havia sinalizado na última reunião que as taxas de referência haviam atingido níveis que contribuiriam para o regresso da inflação ao objetivo de 2%.
No entanto, existem riscos a serem considerados, como um possível aumento no preço do barril de petróleo, que poderia levar a uma estagnação da economia e invalidar as previsões para 2024. Além disso, renegociações salariais e estímulos fiscais por parte dos governos também representam ameaças para a economia.
Foi destacada a necessidade de os governos reduzirem gradualmente as medidas de apoio relacionadas com a energia para permitir que o processo de desinflação prossiga de forma sustentável. Políticas orçamentais e estruturais devem ser reforçadas para tornar a economia da área do euro mais produtiva e competitiva, expandindo a capacidade de oferta e reduzindo os elevados rácios da dívida pública.
Uma implementação mais rápida do programa Next Generation EU e esforços mais determinados para remover as barreiras nacionais a mercados bancários e de capitais mais profundos e mais integrados poderiam ajudar a aumentar o investimento nas transições ecológica e digital e a reduzir as pressões sobre os preços a médio prazo.
Sobre o mercado de trabalho, a avaliação é de que, embora a escassez de mão-de-obra tenha diminuído, as empresas continuaram a acumular mão-de-obra, o que poderia ser interpretado como um sinal de que estavam a tentar evitar escassez no futuro, com implicações positivas para a produtividade do trabalho.
Os riscos para o crescimento económico permaneciam inclinados no sentido descendente, com uma possível economia mundial mais fraca, um novo abrandamento do comércio mundial e riscos geopolíticos importantes, como a guerra na Ucrânia e o conflito no Oriente Médio, a pesarem sobre o crescimento da área do euro.
Embora os progressos na inflação tenham sido encorajadores, o processo desinflacionista permaneceu instável e frágil, exigindo uma orientação de política monetária suficientemente restritiva. Os riscos ascendentes para a inflação incluíam os preços da energia, que recentemente tinham diminuído significativamente, mas permaneciam voláteis.
Ainda havia incertezas sobre a relação entre salários, lucros e produtividade, com necessidade de mais evidências antes de se poder concluir que a inflação tinha ultrapassado de forma duradoura. Embora os dados mais recentes sobre os lucros em 2023 tenham sido encorajadores, era necessária uma absorção mais forte dos custos laborais mais elevados por margens de lucro mais baixas ao longo de 2024.
Os membros reforçaram que há a expectativa de redução dos juros neste ano, mas ainda precisam de mais dados para ter confiança no processo de queda, para evitar que a inflação volte a subir.