São Paulo – O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, disse que os ataques direcionados à corte, como o ocorrido no último sábado, estão sendo financiados ilegalmente e contam com apoio de membros do Estado.
“Infelizmente, na noite de sábado, o Brasil vivenciou mais um ataque ao Supremo Tribunal Federal, que também simboliza um ataque a todas as instituições democraticamente constituídas”, disse ele em uma nota.
“Financiadas ilegalmente, essas atitudes têm sido reiteradas e estimuladas por uma minoria da população e por integrantes do próprio Estado, apesar da tentativa de diálogo que o Supremo Tribunal Federal tenta estabelecer com todos, Poderes, instituições e sociedade civil, em prol do progresso da nação brasileira”, acrescentou.
“O Supremo jamais se sujeitará, como não se sujeitou em toda a sua história, a nenhum tipo de ameaça, seja velada, indireta ou direta e continuará cumprindo a sua missão. Guardião da Constituição, o Supremo Tribunal Federal repudia tais condutas e se socorrerá de todos os remédios, constitucional e legalmente postos, para sua defesa, de seus Ministros e da democracia brasileira”, afirmou Toffoli.
O Ministério Público Federal (MPF) determinou ontem a abertura de inquérito policial para investigar o lançamento de fogos de artifício em direção ao prédio do STF no sábado. Também foi solicitada perícia no local a fim de identificar danos ocorridos no edifício e resguardar provas processuais.
Segundo o MPF, os envolvidos no ataque desferiram ofensas e xingamentos aos ministros do STF, perguntando, em tom de ameaça, se os magistrados haviam entendido o recado, bem como dizendo que se preparassem.
O STF tem sido alvo de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro por causa de uma investigação aberta por Toffoli sobre notícias falsas e ataques à corte.
Este inquérito corre sob sigilo, mas recentemente parte das investigações veio a público por causa de uma operação contra apoiadores do presidente entre eles Allan dos Santos, jornalista do site Terça Livre, e Luciano Hang, dono da Havan – baseada nas evidências colhidas até então.
O relator do caso no STF, o ministro Alexandre de Moraes, disse que os elementos colhidos “apontam para a real possibilidade de existência de uma associação criminosa, denominada nos depoimentos dos parlamentares como ‘Gabinete do Ódio'”.
Segundo Moraes, o gabinete seria um grupo dedicado à disseminação de notícias falsas, ataques ofensivos a diversas pessoas, às autoridades e às instituições, dentre elas o STF, “com flagrante conteúdo de ódio, subversão da ordem e incentivo à quebra da normalidade institucional e democrática”.
O ministro disse que as postagens são “inúmeras e reiteradas quase que diariamente” e que “indícios que essas postagens sejam disseminadas por intermédio de robôs para que atinjam números expressivos de leitores”, e que a estrutura estaria sendo financiada por um grupo de empresários – entre eles Hang.