Ativa prevê corte de 8,5% no preço da gasolina nas refinarias nos próximos dias

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São Paulo – O mercado está na expectativa de um novo anúncio de corte de preços de combustíveis no País nos próximos dias, após a forte queda do preço do barril de petróleo no mercado internacional e impulso da corrida eleitoral com a crescente interferência do presidente Jair Bolsonaro nas decisões da Petrobras.

A Ativa Investimentos prevê um corte de 8,5% no preço da gasolina nas refinarias ao longo dos próximos dias, que deverá chegar ao consumidor final na magnitude de -4,7% nas bombas, utilizando o repasse de 55% ao longo da cadeia e considera que a defasagem do preço gasolina internacional frente ao nacional está em -17%.

“Para nossa projeção do IPCA adotamos uma hipótese conservadora para o reajuste, incorporando apenas metade do potencial baixista para o preço do combustível na refinaria, algo muito similar ao que foi observado no reajuste de agosto, quando a Petrobras reajustou a gasolina em -4,86% frente ao estimado de -9,0% pela Abicom”, comentaram os analistas Étore Sanchez e Guilherme Sousa, da Ativa.

A análise considera os dados do fechamento do dia 6 de setembro da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), que estimava que havia um potencial de queda de 12% no preço da gasolina, e da cotação do petróleo, que ao longo do feriado até próximo da metade de hoje cedeu mais frente aos US$92 por barril utilizados, ao passo que o câmbio hoje opera em queda também, cotado ao redor de R$5,20.

Os analistas incorporam em suas projeções do IPCA esse possível reajuste negativo “muito em breve” da gasolina após a forte queda no preço do petróleo internacional, cujo futuro do Brent já está a menos de US$90/barril. “No IPCA, a queda do preço do combustível terá efeito total de quase -30bps, derrubando nossa perspectiva do ano de 5,9% para 5,6%. Em termos mensais o grosso do efeito deverá entrar em outubro, ao qual passamos a projetar também deflação”, preveem os analistas.

Mensalmente, a previsão da Ativa é de uma deflação de 0,40% em agosto, uma breve alta de 0,03% em setembro, mas uma volta ao recuo de preços em outubro, na ordem 0,15%.

Por fim, a análise inclui um ajuste na projeção de energia elétrica que contemplava integralmente a retirada de TUST/TUSD da base de ICMS ainda em setembro, adiado, segundo a perspectiva da corretora, em 30 dias, incidindo em outubro.

Procurada pela reportagem da Agência CMA, a Petrobras disse que “por questões concorrenciais, não pode antecipar decisões sobre manutenção ou reajuste de preços.”

CAI IMPORTAÇÃO DE DIESEL S10 

O abastecimento de diesel S10 A (menos poluente, e obrigatório para o transporte rodoviário desde 2012) deve ter menor oferta de produto importado devido às restrições de oferta no mercado internacional, aponta o Instituto Brasileiro de Petróleo (IBP) em boletim divulgado nesta semana. Para suprir essa falta, a produção nacional deve subir, segundo o levantamento.

Para setembro, a estimativa de produção de diesel S10 é de 1,988 milhão de m3 e importação de 1,397 milhão m3 do produto. De outubro a dezembro, a produção de diesel S10 subirá de 2,094-2,385 milhões de m3 e a importação cairá para 753 mil m3, de 1,263 milhão de m3 em outubro. Segundo o IBP, os volumes mensais de produção consideram as paradas técnicas das refinarias.

Os dados de importação incluem 45 mil metros cúbicos (m3) em setembro informados pela
Abicom. Para o mês de outubro houve um incremento na produção esperada de 8,8% em relação à edição anterior do boletim e uma redução no total importado, dado que a demanda de diesel não foi alterada.

De acordo com a Agência de Energia dos EUA (EIA), o preço médio do diesel no varejo do país subiu na semana passada 4,2% em relação à semana anterior, indicando um aumento na escassez do produto. “Os estoques de combustíveis destilados estão cerca de 24% abaixo da média de cinco anos para esta época do ano e a administração Biden defende uma restrição nas exportações para restabelecer os níveis de estoques”, comenta o IBP.

Além disso, na Europa, há uma restrição de oferta de gás pela Rússia e a proximidade do
inverno, gerando um aumento no consumo de diesel e GLP. Por outro lado, o cenário de recessão econômica pode diminuir a demanda por derivados na região.

Por fim, apesar de afirmar que os agentes do setor seguem ofertando o produto necessário para o abastecimento do país apesar da instabilidade do mercado internacional, o IBP avalia que o monitoramento externo nas próximas semanas é importante para a identificação de possíveis faltas de produtos e implicações para a importação de diesel por parte do Brasil.

Com Emerson Lopes / Agência CMA.