Aumento de salários pode levar Fed a aumentar taxas em breve, diz analista

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São Paulo – O mais recente relatório de vagas criadas no mês de dezembro mostrou forte aumento dos salários e ampla queda na taxa de desemprego, algo que deve forçar o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) a elevar suas taxas básicas de juros já em março, diz o economista sênior para Estados Unidos da Capital Economics, Michael Pearce.
Há pouco foi divulgado que a economia norte-americana criou apenas 199 mil vagas no mês passado, um número pequeno em comparação com a previsão de 450 mil vagas da maioria dos analistas consultados pela Agência CMA. De acordo com o Departamento de Trabalho, o número de novembro foi revisado para cima, de 210 mil para 249 mil vagas.
No entanto, a taxa de desemprego caiu além dos 4,1% esperados para o último mês de 2021. De acordo com os dados, o índice passou de 4,2% para 3,9% em dezembro. Além disso, os salários médios por hora também tiveram avanços mais altos que o previsto. Houve um crescimento de 0,6% em base mensal e de 4,7% no ano ao ano. As expectativas eram de alta de 0,4% para a primeira comparação e 4,2% para a segunda.
Para Pearce, esses dados devem adicionar pressão sobre o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) para controlar a inflação que, aparentemente, chegou para os salários.
“A principal conclusão para o Fed é que, com poucos sinais de recuperação na oferta de trabalho, o declínio contínuo da taxa de desemprego e o aumento do crescimento dos salários parecem destinados a se manter ao longo de 2022”, explica ele. Para o economista, esses elementos juntos tornam mais provável que o Fed antecipe sua primeira alta nas taxas de juros para a reunião de março.
De acordo com as previsões feitas pelos membros do conselho divulgadas na última reunião em dezembro, devem ocorrer três aumentos nas taxas básicas de juros, que se encontram, atualmente, na faixa mais baixa, entre zero e 0,25%.
“Para o Fed, esse aperto no mercado de trabalho só vai aumentar ainda mais os salários”, explica ele.
Além disso, as pessoas devem se distanciar ainda mais de contratações nos próximos meses com a variante Ômicron. “A rápida disseminação da cepa não parece ter causado um grande impacto na demanda de serviços ainda, mas esperamos que a escassez de trabalhadores da economia possa ser superada neste mês. Com casos em média perto de 750 mil por dia, haverá milhões de trabalhadores isolados na próxima semana para o período de pesquisa da folha de pagamento de janeiro”, diz ele.
Segundo ele, a indicação da folha de dezembro, que colheu sua pesquisa antes da Ômicron atingir o país, mostra que, além da nova cepa, está muito difícil conseguir mão de obra.