São Paulo, SP – A Azul realizou ontem uma reunião com analistas e investidores para esclarecer os recentes eventos que levaram a uma queda acentuada de suas ações, que caíram 24% ontem após notícia divulgada pela agência Bloomberg, que sugeriu que a companhia aérea estaria considerando diversas opções para lidar com sua dívida, incluindo uma oferta de ações e a solicitação de proteção contra credores nos EUA, conhecida como Chapter 11.
Na reunião conduzida pelo CEO e CFO da Azul, os executivos da Azul esclareceram que a empresa não tem planos de solicitar proteção contra credores sob o Chapter 11 nos EUA. A notícia publicada pela Bloomberg, que sugeriu o contrário, foi considerada uma representação errônea da situação. Os executivos enfatizaram que a Azul está focada em fortalecer seu balanço e buscar soluções comerciais que evitem qualquer necessidade de reestruturação judicial.
“Com um balanço mais fragilizado pela desvalorização do real, a notícia acabou gerando uma forte reação imediata e negativa no mercado, que deve ser revertida na sequência. Porém, os executivos destacaram que os lessores ((arrendadores de aeronaves), como Avalon e Air Cap, que continuam a fornecer aeronaves para a Azul, têm interesse em ver a companhia financeiramente forte a longo prazo. A renegociação está focada em ajustar a estrutura de capital de maneira que permita à Azul continuar operando de forma robusta, evitando a necessidade de medidas extremas como o Chapter 11”, ressaltou a Genial.
A Azul informou que está em negociações ativas com seus principais lessores, que representam 98% da estrutura de dívida conversível em equity da companhia. O CEO mencionou que, ao contrário do que a Bloomberg sugeriu, a Azul está propondo um acordo comercial para encerrar a dívida em um montante fixo de ações. Os executivos da Azul abordaram a importância da conclusão do pagamento dos diferimentos e como isso pode impactar a percepção do mercado em relação ao balanço da companhia. Eles destacaram que a estrutura de dívida vinculada a esses diferimentos, especialmente aqueles relacionados à conversão em equity, criou uma complexidade adicional no entendimento do
balanço da Azul.
“A conclusão desses pagamentos, por meio de um acordo comercial com os lessores, onde a dívida seria liquidada em um montante fixo de ações, ajudaria a simplificar a estrutura de capital da Azul. Isso, por sua vez, permitiria ao mercado ter uma visão mais clara e direta da saúde financeira da empresa. Além disso, a conclusão desse processo reduziria a preocupação com a diluição contínua, tornando mais fácil a compreensão da verdadeira alavancagem e a capacidade de geração de caixa da companhia. Essa clareza é crucial para estabilizar as ações da Azul e recuperar a confiança do mercado”, explicou o banco de investimentos.
FUSÃO
A Azul já havia explorado anteriormente a possibilidade de fusão com outras companhias aéreas, como a Gol, e essas conversas têm ganhado força, especialmente considerando o contexto em que a Gol tenta se recuperar. Essas conversas ganharam destaque durante o call e são vistas pela Azul como parte de uma estratégia mais ampla de sobrevivência e fortalecimento das companhias envolvidas, especialmente em um ambiente desafiador marcado por alta dívida e condições macroeconômicas adversas.
As negociações mencionadas entre a Azul e o Grupo Abra, que atualmente é o maior acionista da Gol, trazem à tona a possibilidade de uma consolidação significativa no setor aéreo brasileiro. Durante o call, os executivos da Azul confirmaram que estão mantendo discussões com a Abra para explorar possíveis parcerias ou combinações de negócios em um possível movimento de consolidação, mas destacaram que essas negociações estão em estágios iniciais e que a Azul continua comprometida em operar como uma empresa independente.