São Paulo – A B3 informou que, em virtude da listagem sob o título de “Recuperação Judicial” a partir de amanhã (20/01/2023), a ação da Americanas (AMER3), terá seus títulos excluídos de todos os índices B3: IBOV, IGCX, ICO2, ICON, IBXX, IGCT, IGNM, IBRA, IVBX, ISEE, ITAG, SMLL, IBXL e GPTW ao seu preço de fechamento após o encerramento do pregão regular de 20/01/2023, sendo sua participação redistribuída proporcionalmente aos demais integrantes da carteira com o pertinente ajuste nos redutores dos índices.
“Dado o fato relevante divulgado pela empresa no dia 11/01/2023 e suas implicações do ponto de vista ESG, iniciamos em 12/01 o Plano de Resposta a Eventos relacionados ao ISE B3, disponível neste link. Os procedimentos estabelecidos no plano foram realizados e deliberou-se pela exclusão da empresa da carteira do ISE B3. Porém, devido a listagem sob o título de “Recuperação Judicial”, a empresa será excluída conforme tratamento dos outros índices”, acrescentou a B3, em nota.
RJ favorece Magazine Luiza e Mercado Livre; veja análises
A ação da Magazine Luiza lidera a ponta positiva do Ibovespa nesta quinta-feira em que a Americanas ajuizou seu pedido de recuperação judicial após o rombo contábil bilionário em seu balanço. A expectativa de abertura de mercado para a concorrência faz a ação MGLU3 avançar 8,14% e deixa a Mercado Livre (MELI34) – que não faz parte do principal índice da B3 – em alta de 1,70%. Já Via (VIIA3) tinha leve queda de 0,42%, enquanto Americanas (AMER3) passava por leilão após cair mais de 33%, a R$ 1,75.
Pedro Serra, chefe de pesquisas da Ativa Investimentos, vê a saída da Americanas do mercado como positiva para outras varejistas, principalmente para Magazine Luiza e Mercado Livre, que são líderes, enquanto Via não deve subir tanto por que não tem tanto fôlego quanto as demais.
“Sem caixa, a Americanas não vai conseguir investir em campanhas de frete grátis, os lojistas não querem mais vender no marketplace da empresa e ninguém vai querer comprar nada na empresa agora. O gargalo ficou muito apertado”, avalia Serra.
A fatia do mercado deixada pela varejista ficará a disposição e aumentará o tráfego nas maiores varejistas, na sua opinião.
A Ativa colocou a ação da Americanas em revisão e não recomenda entrar em um ativo com o futuro tão incerto.
Ricardo Brasil, fundador da Gava Investimentos, destaca que, com a recuperação judicial, a ação da Americanas deixa de fazer parte dos índices da B3, entre eles o Ibovespa.
“Mas é importante ter cuidado. Deixar de fazer parte do índice não significa que deixa de ser listada em bolsa. Negociação continua normal, continua tendo volume. Quem quiser comprar ou vender consegue tranquilamente durante a RJ.”
Ele cita a Oi, por exemplo, que ficou um ou dois anos em RJ e era negociada normalmente.
Outro impacto é nos fundos do mundo inteiro que replicam o índice Ibovespa. “Então, se esse fundo tinha Americanas, quando deixa de fazer parte, esse fundo tem que vender. Mas com vários fundos vendendo, temos uma pressão vendedora que pode fazer papel cair.”
Além disso, vários fundos que replicam índices vão precisar vender posições. E dependendo das regras dos fundos, talvez seja vetado acoplar ações da Americanas. “Logo, a consequência imediata seria a de liquidez. Valor negociado por dia tende a cair bastante. Passando essa fase de crise em que muitos especuladores compram e vendem, vamos ter a empresa com volume bem menor por dia. Quando a ação vale pouco, qualquer centavo faz diferença. Isso não é saudável para o mercado”, finalza Brasil.
Heitor Martins, especialista em renda variável na Nexgen Capital, diz que a saída da ação da Americanas do índice Ibovespa muda o benchmark para vários fundos atrelados ao papel e no preço dos ativos por conta da realocação. Segundo Martins, como há ETFs e fundos que replicam o Ibovespa, os fundos precisam vender a participação da Americanas que eles têm para corresponder ajustar à composição do índice, vendendo Americanas e recomprando os demais papéis que o compõe.
Outro impacto relevante é no crédito. “Como a Americanas tinha bastante crédito emitido e um valor bem relevante, esses fundos de crédito podem sofrer impacto na cota, uma vez que a marcação é a mercado e quando uma empresa vai a recuperação judicial, pode ir a zero. A depender da participação da Americanas no fundo pode impactar o valor da cota, mesmo num fundo de liquidez”, acrescenta o especialista em renda variável na Nexgen Capital.
No entanto, o especialista avalia que não é necessário ter pânico e resgatar, pois avalia que as gestoras têm diligência de risco forte e conseguem voltar a performar positivamente.