B3 reitera estratégia de investimento apesar das despesas maiores; ação cai

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São Paulo – A diretoria executiva da B3 reiterou sua estratégia de investimentos em novos negócios mesmo com o aumento das despesas reportado em seu balanço e nas novas projeções para o ano, apresentados ontem à noite ao mercado.

Segundo o diretor executivo financeiro da B3, André Milanez, “mesmo com o cenário atual, de redução das receitas, é importante que a companhia se dedique a novas iniciativas e explorar novas oportunidades, que podem significar novas avenidas de crescimento e até de proteção de parte do nosso negócio. Por isso, decidimos comunicar claramente ao mercado as nossas projeções e estabelecer um guidance separado em relação a essas novas iniciativas, sem deixar de aproveitar essas novas oportunidades”, comentou o executivo, , na teleconferência de resultados da companhia, encerrada a pouco.

Em relação à expectativa de margens diante da revisão das projeções de despesas apresentadas ontem por conta da compra da Neoway, ele explicou que dada a alavancagem operacional, a margem da companhia depende mais das receitas dos que das despesas e que a companhia não divulga essas projeções. No 1T22, a margem ebitda recorrente caiu 766 bps na comparação anual, para 75,4%. Sem a Neoway, o recuo seria de 559 bps, segundo o balanço da companhia.

Ontem à noite, a B3 elevou as previsões de despesas para o ano de 2022 em função da aquisição e consolidação da Neoway em suas demonstrações financeiras. Com isso, as projeções de despesas, investimentos e novas iniciativas e negócios subiram para R$ 585-665 milhões, de R$ 380-440 milhões; de depreciação e amortização para R$ 1,050-1,130 bilhão, de R$ 990 milhões a R$ 1,045 bilhão; e despesas atreladas ao faturamento para R$ 265-325 milhões, de R$ 255-305 milhões. As demais projeções para o ano foram mantidas.

Com a consolidação da aquisição, a companhia sentiu impacto na sua receita, que caiu 4,6% n 1T22, para R$ 2,5 milhões, explicada também pela redução na receita dos segmentos Listado e Infraestrutura para financiamento, apesar do crescimento nos demais segmentos.

A empresa anunciou a compra da empresa de big data e analytics Neoway em outubro do ano passado, por R$ 1,8 bilhão, a maior aquisição feita pela companhia desde 2017. Na ocasião, anunciou que reservaria até R$ 200 milhões adicionais, nos próximos cinco anos, para investimentos estratégicos ligados ao crescimento da empresa.

AÇÃO CAI – VEJA ANÁLISES

A ação da B3 é a maior queda do Ibovespa nesta sexta-feira após a divulgação dos resultados da companhia, que registrou queda de 12,3% no lucro líquido do primeiro trimestre, para R$ 1,1 bilhão, refletindo queda nas receitas e o aumento nas despesas. Por volta das 15h11 (horário de Brasília) o papel caía 2,85%, a R$ 11,56.

O Bank of America (BofA) avalia que, apesar do resultado fraco do início do ano, a B3 pode se beneficiar da crescente volatilidade neste ano eleitoral e de sua estratégia de diversificação de receitas, enquanto é negociada com 35% de desconto em relação aos seus pares e de 20% de sua média histórica ao reiterar a recomendação de compra e preço-alvo de 19,00 do papel.

A Ativa comentou que a companhia apresentou um resultado fraco, abaixo de suas estimativas. De positivo, destacou o crescimento de receita no segmento Balcão, o aumento de participação do segmento Tecnologia, dados e serviços no mix da receita total da companhia e a melhora no resultado financeiro. Por outro lado, houve piora no desempenho do segmento Listado, com queda nos volumes negociados e redução na tarifação, e a piora nas despesas operacionais prejudicou Ebitda e margem.

“O resultado mais fraco corrobora com nossos temores com relação ao case de B3, que vem sendo impactada pela queda nos volumes financeiros negociados, redução na tarifação e no número de listagens. Apesar de ainda enxergarmos bons diferenciais para a empresa, que detém o monopólio nacional na negociação e pós-negociação de ativos de renda variável no mercado brasileiro, preferimos nos manter neutros no momento dado o cenário adverso que a cia vem enfrentando”, comentaram os analistas da corretora.