São Paulo – As ações da Petrobras estão entre as maiores altas do Ibovespa refletindo dados do primeiro trimestre de 2021 e as mensagens passadas na videoconferência de resultados, que reiteraram a volta de uma visão mais otimista sobre a companhia entre alguns agentes do mercado, com bancos elevando recomendações em meio à redução das desconfianças trazidas com a troca da presidência da estatal e após forte queda dos papéis.
Analistas destacaram principalmente a desalavancagem vista no primeiro trimestre, o que traz esperanças sobre aumento de pagamento de dividendos. Já na videoconferência, a empresa reiterou que não pretende mudar a política de preços de combustíveis atual e deve manter planos de desinvestimentos, o que ajudou os papéis a acelerarem ganhos, embora ainda haja algum receio com a nova gestão.
Às 13h20 (horário de Brasília), as ações ordinárias da Petrobras (PETR3) subiam 3,51%, a R$ 25,37, enquanto as preferenciais (PETR4) tinham alta de 3,92%, a R$ 25,97.
“Está cada vez mais fácil encontrar gestores otimistas com Petrobras e com a visão de que o mercado não está precificando um cenário onde a companhia pode ter alguns meses mais calmos. Entendemos que as nomeações da nova diretoria recebem cada vez mais elogios dos investidores e reforçam os sinais da continuidade da política de preços e do processo de desinvestimentos”, disseram os analistas do Credit Suisse, em mensagem a clientes.
Os analistas explicam que já haviam elevado a recomendação para as ações da Petrobras para neutro recentemente, na expectativa de que os resultados revelariam que os papéis estão descontados e que os dividendos podem estar próximos, conforme a empresa se desalavanca muito rápido, expectativas que foram atendidas com o balanço.
“A Petrobras desalavancou rapidamente, com uma redução de dívida líquida de US$ 3,7 bilhões no trimestre”, afirmaram.
Apesar do tom otimista, os analistas citam os conhecidos riscos como a continuidade da política de preços de reajustes de combustíveis, capex, eleições de 2022 e volatilidade de preços.
O Itaú BBA, por sua vez, decidiu hoje elevar a recomendação de neutro para “outperform” (equivalente à compra), com preço-alvo de R$ 38,00 para a ação ordinária e de US$ 14,00 para as american depositary receipts (ADRs, recibos de ação de empresas estrangeiras negociados na Bolsa de Valores de Nova York), destacando que a Petrobras opera negociada com desconto em relação
a maioria dos players globais, até petrolíferas russas, embora tenha uma sólida geração de caixa.
“Os riscos têm diminuído desde o desastre de fevereiro”, disseram ainda os analistas do Itaú, que lembram que em fevereiro os papéis tiveram fortes quedas devido às incertezas sobre a empresa no período.
Um dos riscos era a mudança de gestão, sobre a qual afirmaram que, embora a equipe que lidera a empresa tenha sido completamente reformulada, os novos diretores são, em geral, “nomes de dentro das fileiras que temos em alta conta”, além de citarem que muitos dos consultores e pessoal-chave trazidos nos últimos anos foram também mantidos.
Também destacam que a nova administração começou com o recado de manutenção do plano estratégico atual e de vendas de ativos.
Sobre o balanço, o Itaú afirma que o ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado veio 11% acima das suas projeções, mas apenas 3% acima do consenso do mercado, além de reforçar a redução da alavancagem vista no período.
Já para o BTG Pactual, o trimestre foi marcado por do por números fortes e um balanço “limpo”, apesar de os analistas afirmarem que alguns números ficaram abaixo da sua estimativa. O banco manteve a recomendação neutra sobre o papel.