Banco Central da China anuncia pacote de estímulo à economia mais amplo desde a pandemia

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O Banco do Povo da China (PBoC, o banco central do país) anunciou seu pacote de estímulo mais agressivo desde a pandemia, visando impulsionar a economia diante da ameaça de deflação e dos desafios para atingir a meta de crescimento do governo. Entre as medidas estão cortes nas taxas de juros e no coeficiente de reserva obrigatória (RRR), além de mais suporte ao mercado imobiliário. No entanto, analistas alertam que apenas essas ações podem não ser suficientes, e que um estímulo fiscal adicional seria necessário para restaurar a confiança.

O pacote inclui cortes nas taxas de juros para empréstimos de sete dias, que agora serão de 1,5%, e a injeção de aproximadamente 1 trilhão de iuanes (cerca de US$ 142 bilhões) no sistema financeiro. Além disso, o RRR será reduzido em 0,50 ponto percentual (pp), liberando mais recursos para novos empréstimos. A expectativa é que essas medidas estimulem a economia e ajudem a atingir a meta de crescimento anual de 5%, mas ainda há dúvidas sobre a efetividade dessas políticas, considerando a fraca demanda por crédito de empresas e consumidores.

No setor imobiliário, o governo anunciou uma redução de 0,50 pp nas taxas de juros de hipotecas existentes e uma diminuição do valor mínimo de entrada para 15% em todos os tipos de imóveis. O mercado imobiliário chinês enfrenta uma grave crise desde 2021, com diversas incorporadoras em inadimplência, projetos inacabados e um excesso de apartamentos não vendidos. Apesar das tentativas do governo chinês de reverter a situação com cortes nas taxas de juros e flexibilização nas exigências de compra, a demanda permanece fraca e os preços dos imóveis caíram em agosto ao ritmo mais acelerado em mais de nove anos.

Para estimular o mercado de capitais, o PBoC também introduziu duas novas ferramentas. A primeira é um programa de swap de 500 bilhões de iuanes (US$ 70,89 bilhões) para facilitar o acesso a fundos para compra de ações por instituições financeiras. A segunda oferece até 300 bilhões de iuanes (US$ 42,53 bilhões) em empréstimos baratos para bancos comerciais financiarem a compra de ações e recompras por outras entidades. Essas medidas buscam fortalecer o mercado de ações e aumentar a confiança dos investidores.

Apesar das ações recentes, analistas destacam que a resposta fiscal precisa ser mais robusta. Governos locais têm acelerado a emissão de títulos para financiar projetos de infraestrutura, mas isso ainda pode não ser suficiente para gerar uma demanda econômica real. Instituições financeiras, como Goldman Sachs e UBS, já revisaram para baixo suas previsões de crescimento para 2024. O Banco Central Chinês continua com margem para novas flexibilizações nos próximos meses, e um impulso fiscal mais forte pode ajudar a recuperar o ritmo de crescimento no último trimestre do ano.