São Paulo, 3 de novembro de 2020 – O Comitê de Política Monetária (Copom) avalia que alterações de política fiscal que afetem a trajetória da dívida pública ou comprometam a âncora fiscal irão motivar uma reavaliação da cláusula fiscal de sua prescrição futura (forward guidance), ainda que a regra sobre o “teto dos gastos” seja nominalmente mantida. A informação consta na ata da reunião de outubro do colegiado do Banco Central.
No documento, o BC lembra que a cláusula fiscal de seu forward guidance condiciona a não elevação da taxa básica de juros à manutenção do atual regime fiscal. O Copom esclarece que uma eventual reavaliação sobre o nível da Selic levaria em conta o receituário do regime de metas para a inflação, baseado na inflação prospectiva e do balanço de riscos.
Segundo o Comitê, “neste momento”, a assimetria altista no balanço de riscos causada pelas incertezas fiscais é suficiente para compensar o fato do cenário básico do BC projetar inflações abaixo da meta no horizonte relevante. O Copom manteve o diagnóstico de que o choque inflacionário é “temporário”, mas afirmou que monitora a evolução do comportamento dos preços com atenção, uma vez que as últimas leituras de inflação ficaram acima do esperado, o que levou a uma revisão para cima da projeção para os meses restantes de 2020.
Em relação à atividade econômica, o Copom avalia que a pouca previsibilidade associada à evolução da pandemia de coronavírus e ao necessário ajuste dos gastos públicos a partir de 2021 aumenta a incerteza sobre a continuidade da retomada doméstica. Para o Copom, essa imprevisibilidade podem implicar uma retomada ainda mais gradual da economia brasileira.
Já no exterior, o BC avalia que a recente ressurgência da pandemia e o consequente aumento do afastamento social em algumas das principais economias podem interromper a recuperação da demanda. “Uma possível redução abrupta e não organizada dos estímulos monetários também adiciona risco à retomada econômica”, afirma o Copom, na ata da reunião de outubro.
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