Banco da Inglaterra considera adotar taxa de juros negativa, diz Bailey

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São Paulo – O Banco da Inglaterra (BoE) não descarta a adoção de taxas negativas de juros para apoiar a economia e os mercados financeiros durante a crise provocada pela pandemia do novo coronavírus, disse o presidente da instituição, Andrew Bailey, em depoimento virtual ao parlamento britânico.

“Não descartamos as coisas por uma questão de princípio. Quero dizer que seria, penso, uma coisa tola de se fazer. Mas posso continuar dizendo que não significa que decidimos sobre o assunto”, afirmou.

“O MPC tem uma história, desde a crise financeira, de manter sob revisão periódica o chamado limite inferior [da taxa de juros]”, acrescentou.

O BoE reduziu sua taxa básica de juros duas vezes em março para uma mínima histórica de 0,1%.

“Estamos muito interessados em observar e estamos acompanhando como a economia responde aos cortes que fizemos”, afirmou.

Os bancos centrais em algumas partes da Europa e no Japão tentaram aplicar taxas de juros negativas e tiveram resultados mistos. A ideia é desencorajar os bancos a manter excesso de caixa e incentivar empréstimos, aumentando o investimento das empresas e os gastos dos consumidores.

“[Estamos] analisando com muito cuidado as experiências desses outros bancos centrais que usaram taxas negativas, e vários deles estão publicando avaliações bastante interessantes no momento”, disse.

Para alguns especialistas, a possibilidade de Bailey levar a taxa de juros abaixo de zero para território negativo pela primeira vez é cada vez mais uma possibilidade real, já que a inflação quase caiu pela metade no primeiro mês inteiro do bloqueio provocado pelo novo coronavírus.

O índice de preços ao consumidor britânico desacelerou para 0,8% em abril em base anual, após alta de 1,5% em março – essa é a menor taxa desde agosto de 2016 e o maior recuo mensal desde dezembro de 2008 em meio à crise financeira global.

“O contexto em que taxas negativas são usadas é muito importante, o contexto cíclico. Em segundo lugar, a estrutura dos sistemas financeiros em que são realizados é importante. Cada país tem uma estrutura diferente do seu sistema bancário. Em terceiro lugar, acho que a comunicação disso seria absolutamente crítica”, afirmou.

“Não estamos dizendo que vamos usar, mas não descartando”, completou.

DÍVIDA COM JUROS NEGATIVOS

O Reino Unido colocou dívida pública com taxa de juros negativa pela primeira vez, em meio à pandemia do novo coronavírus, de acordo com o Escritório de Gestão de Dívida do Tesouro do país, em comunicado.

Em um leilão realizado hoje, o escritório vendeu 3,8 bilhões de libras esterlinas em títulos com vencimento em 2023 com juros de -0,003%, diz a nota. Isso significa que o governo britânico está sendo efetivamente pago para tomar empréstimos.