São Paulo -Em painel realizado na tarde de hoje no Congresso “Mercado Global de Carbono Descarbonização & Investimentos Verdes”, patrocinado por Banco do Brasil e Petrobras, os bancos discutiram o fomento a projetos e ativos ambientais. Moderado pelo presidente do BNDES, Gustavo Montezano, os participantes apontaram a importância do engajamento do setor bancário para o desenvolvimento do Mercado de Carbono.
Participaram do debate Fausto Ribeiro (Presidente do Banco do Brasil), Sergio Rial (Presidente do Conselho Santander), Isaac Sidney (Presidente da Febraban) e Sylvia Coutinho (CEO do UBS).
Segundo o presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), atualmente, 22% das carteiras de crédito dos bancos têm destinação para a economia verde. A preocupação em ser uma empresa sustentável tem crescido nos últimos anos no país, com a implementação de equipes de ESG (do inglês Environmental, Social e Governance) e a busca de se torna uma companhia reconhecida por suas ações práticas em respeito ao meio ambiente.
O presidente do Banco do Brasil, Fausto Ribeiro, lembrou que o Brasil tem 66,3% de seu território preservado com vegetação nativa, sendo 33% área de proteção permanentes e 33% de áreas indígenas. Deste total, 25,6% de toda a área preservada no nosso país está dentro de propriedades rurais, ou seja, ligada ao agronegócio.
Para Ribeiro, é preciso ter investidores que aceitam ganhar menos, mas que entendam a sua importância na preservação do clima no planeta. Mais cedo, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que sustentabilidade, hoje, é igual à produtividade. O mercado de crédito de carbono é engenhoso, por possibilitar, a cada país, internalizar os benefícios da redução de suas próprias emissões de carbono.
Segundo Neto, o Brasil tem se destacado por seu potencial de energia e agricultura limpas e, agora, pelos investimentos sustentáveis. Este é um tema de fluxo de investimentos, resumiu após lembrar que a nova divisão geopolítica decorrente da guerra na Europa representa também uma oportunidade para o Brasil, na qual se procura países produtores de insumos, para se atingir o equilíbrio.
O presidente do Conselho Santander, Sergio Rial, lembrou que a iniciativa das empresas e do mercado financeiro é fundamental, mas que é preciso uma política de estado para atrair investimentos e influenciar empresas a investir na economia verde.
Rial também destacou a criação de uma ONG forte para cobrar e ditar iniciativas sustentáveis das empresas, do governo e da sociedade civil. A fragmentação de Organizações Não Governamentais na sociedade civil acaba enfraquecendo suas ações e seus resultados, destacou Rial, que apontou a importância de abrir um diálogo com os cientistas do país para desenvolver cada vez mais este mercado. O executivo deu como exemplo de economia verde rentável o valor de mercado da Tesla, fabricante de carros elétricos. A Tesla vale muito mais que a Mercedes-Benz.
Por fim, a CEO do UBS, Sylvia Coutinho, falou que o país tem que continuar a investir no crescimento sustentável, gerando empregos e renda, e acreditar que no futuro próximo a economia verde deixe de ser vista como custo brasil e passe a ser bônus Brasil.
Ontem, em entrevista ao programa A Voz do Brasil, o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, disse que dentre as vantagens que podem levar o Brasil a ser um grande exportador de crédito de carbono estão suas características naturais e econômicas, que permitem, gerar créditos de diversas formas.
Você pode gerar crédito baseado em resíduos sólidos, aves, suínos, açúcar e álcool, aterros sanitários. Você pode tratar esse lixo orgânico e gerar crédito, pode gerar crédito de proteção florestal, de recuperação e conservação florestal, comentou Leite.
O ministro disse que o país está desenhando um mercado regulador para se tornar um exportador de crédito e para trazer receita extraordinária para projetos de baixa emissão de gases de efeito estufa. Segundo Leite, um dos grandes desafios para que os setores apoiem essa mudança rumo à uma economia voltada para a sustentabilidade envolve a viabilidade econômica.