São Paulo – Em sua carteira recomendada fundamentalista para o mês de setembro, a BB Investimentos optou por seguir com a estratégia adotada no último mês, concentrando parcela relevante das recomendações em companhias expostas ao cenário doméstico e ao movimento de rotação de carteiras privilegiando um equilíbrio entre a temática valor e crescimento. Saíram os papéis da Vale, Hypera, Lojas Renner, Itaú Unibanco e entraram os de Vibra, Cielo, Bradesco
“Considerando o ambiente externo mais complexo e recuo das commodities, mantivemos os papéis da Petrobras (PETR4) e retiramos a Vale (VALE3), principalmente em função da volatilidade de preços do minério de ferro. Incluímos Vibra (VBBR3) com o objetivo de capturar o recente recuo nos preços domésticos refletidos em maiores volumes comercializados pela companhia”, escreveram os analistas da BB Investimentos.
Além disso, a corretora optou por capturar a potencial retomada do consumo no segundo semestre com a inclusão de Cielo (CIEL3), dada sua exposição ao varejo amplo (incluindo serviços), com a manutenção de Multiplan (MULT3) e Localiza (RENT3). Nesse sentido, saem Hypera (HYPE3), que se beneficia de forma menos abrangente essa retomada, e Lojas Renner (LREN3), por estar mais exposta a um varejo de nicho (vestuário).
No setor financeiro, substituímos Itaú (ITUB4) por Bradesco (BBDC4), reconhecendo que são teses muito homogêneas, mas com o benefício de maior dividend yield de BBDC4 quando comparado a ITUB4. Mantemos ACB Brasil (ABCB4) e BTG Pactual (BPAC11) e reforçamos a exposição ao setor financeiro com a inclusão de Caixa Seguridade (CXSE3) por conta da continuidade de uma melhora estrutural do setor de seguros. Fechamos as indicações com a manutenção de Alupar (ALUP11).
A BB Investimentos explica que, apesar do impacto positivo da temporada de resultados do 2T22 no Brasil, a leitura de agravamento de riscos do mercado internacional se intensificou ao longo de agosto. As expectativas em relação ao crescimento global continuam se deteriorando, sobretudo pela formação de um consenso em torno da frustração do avanço da economia chinesa em 2022 e das pressões trazidas pelo modelo econômico suportado por investimentos em infraestrutura e no mercado imobiliário.
“Para o Brasil, nosso entendimento é de que o descolamento positivo da bolsa ganha suporte enquanto perdurar as melhoras em relação às projeções de crescimento econômico, inflação e, consequentemente, taxas de juros. Com a sinalização do Banco Central sobre o possível encerramento do ciclo de elevações da Selic, os vértices mais longos da curva de juros doméstica passaram a devolver os prêmios acumulados no primeiro semestre, o que representa um componente importante na composição do custo de capital das companhias. Ao mesmo tempo, a parcela mais alavancada das empresas projeta menor pressão no resultado financeiro”, comentaram.
Esse quadro tem contribuído para um movimento progressivo de rotação de carteiras, com setores como varejo e imobiliário voltando ao radar dos investidores. Na nossa avaliação, ambos os setores, que apresentaram altas expressivas no mês, têm sido termômetros do apetite a risco dos investidores para o mercado brasileiro. Depois do setor financeiro, que avançou 10% no mês, os Indice Imobiliário (Imob) e de Consumo (Icom) subiram 7% e 6,7%, respectivamente, enquanto a alta do Ibovespa foi de 6,2%.
“Não obstante, como a composição de resultado da bolsa ainda se concentrada nos setores de commodities, avaliamos que o ambiente internacional e o arrefecimento dos preços do petróleo e do minério de ferro exerçam uma pressão sobre os ativos locais. Ao mesmo tempo, os investidores podem entrar em compasso de espera em relação ao ímpeto comprador em decorrência dos desdobramentos domésticos sobre as eleições e seus efeitos sobre as estimativas para política fiscal a partir de 2023”, concluiu a BB Investimentos.