Por: Olívia Bulla
São Paulo – O Banco Central elevou a previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano, de 0,8% para 0,9%. Segundo o BC, os indicadores recentes da atividade doméstica sugerem retomada do processo de recuperação da economia brasileira em ritmo gradual.
Para 2020, porém, a autoridade monetária observa que ainda há um “elevado grau de incerteza”, o que sustenta a projeção de expansão de 1,8% do PIB. As estimativas constam no Relatório Trimestral de Inflação (RTI) divulgado hoje.
Segundo o BC, o resultado melhor que o esperado do PIB no segundo trimestre de 2019 favoreceu o “carregamento estatístico” para o ano, contribuindo para a elevação da estimativa de crescimento. “A projeção considera ritmo de crescimento ainda lento no terceiro trimestre e aceleração no quarto trimestre”, observa, no documento.
Já para o PIB de 2020, a autoridade monetária ressalta que a perspectiva ainda está condicionada ao cenário de continuidade das reformas e ajustes necessários na economia brasileira e pressupõe que o ritmo de crescimento da economia, que exclui os efeitos temporários, será gradual. Para o BC, a liberação de recursos do FGTS e do PIS-Pasep deve dar um impulso extraordinário à atividade econômica.
Inflação
No que se refere à inflação, a projeção central do Banco Central, associada ao cenário que combina taxas Selic e de câmbio constantes, indica que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulado em quatro trimestres deve terminar 2019 na faixa de 3,3% a 3,4%, de +3,6% estimado anteriormente. Para os próximos anos, a inflação projetada aumenta para entre 3,4% e 3,8% em 2020 (de 3,7% a 3,9% antes), indo a 3,6% e 3,7% em 2021 (de 3,8% a 4,0% antes) e chegando a 3,7% a 4,0% em 2022.
Ainda assim, o BC destaca, no Relatório Trimestral de Inflação (RTI) que as previsões indicam inflação acima da meta central apenas em 2022, quando será de 3,50%. Nos anos anteriores, as estimativas indicam que o alvo perseguido será cumprido, ficando abaixo de 4,25% em 2019, e de 4,00% e de 3,75% em 2020 e em 2021, respectivamente. Nesse sentido, as probabilidades de a inflação ultrapassar os limites superior e inferior do intervalo de tolerância são muito baixos, ressalta o BC.
O Banco Central lembra que as projeções condicionais para a inflação são apresentadas em quatro cenários, dependendo do condicionante usado para as trajetórias da taxa de câmbio e da taxa Selic ao longo do horizonte relevante. Esses condicionantes podem ser trajetórias oriundas das expectativas coletadas na pesquisa Focus ou trajetórias em que os valores dessas variáveis permanecem constantes.
Assim, o primeiro cenário assume que as taxas Selic e de câmbio permanecem constantes ao longo do horizonte de projeção, enquanto o segundo cenário supõe trajetórias extraídas da Focus para essas duas variáveis. Também são apresentados outros dois cenários, chamados de cenários “híbridos”, que combinam como pressupostos taxa Selic constante e taxa de câmbio da pesquisa Focus e, alternativamente, taxa Selic da pesquisa Focus e taxa de câmbio constante.