São Paulo – O Banco Central destacou, no Relatório de Inflação referente ao segundo trimestre deste ano, que a previsão para a inflação ao consumidor, medida pelo Indice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), está abaixo do piso perseguido pela autoridade monetária para este ano, de 2,5%, em todos os cenários. Já a estimativa para a alta dos preços em 2021 caiu, mas segue acima do piso.
Considerando-se o primeiro cenário, que assume que a taxa Selic e a taxa de câmbio permanecem constantes ao longo do horizonte de projeção, a projeção para o IPCA em 2020 caiu de 3,00% no RTI de março para 1,9% no documento divulgado hoje. No cenário que considera as taxas Selic e de câmbio no relatório de mercado Focus, a estimativa passou de 2,6% para 2,4%.
Já nos cenário híbridos, que combinam como pressupostos taxa Selic constante e taxa de câmbio da pesquisa Focus e, alternativamente, taxa Selic da pesquisa Focus e taxa de câmbio constante, as projeções para o IPCA em 2020 passaram de 3,00% para 2,00% e de 2,60% para 2,30%, respectivamente.
CONTRAÇÃO DO PIB
O BC revisou para baixo a previsão para a variação do Produto Interno Bruto (PIB) em 2020, e agora estima que a economia brasileira terá contração de 6,4% neste ano. Em março, a previsão era de estabilidade.
“A alteração da projeção está associada, essencialmente, ao avanço e à duração da pandemia da covid-19 em território nacional, com a consequente adoção, a partir da segunda quinzena de março, de medidas de isolamento social no país”, disse o BC no documento, acrescentando que a magnitude destes eventos superou “significativamente” o que se esperava em março.
“A projeção para o PIB anual considera que o recuo no segundo trimestre será o maior observado desde 1996, início do atual Sistema de Contas Nacionais Trimestrais. Espera-se que tal contração seja seguida de recuperação gradual nos dois últimos trimestres do ano, repercutindo diminuição paulatina e heterogênea do distanciamento social e de seus efeitos econômicos”, afirmou o BC.
CRÉDITO
O estoque de crédito no Brasil deve aumentar 7,6% em 2020, alta superior à de 4,8% projetada em março. Segundo o Banco Central, a previsão de crescimento no saldo dos créditos destinados a pessoas físicas caiu de 7,8% para 5,8%, enquanto a expansão esperada no saldo de empréstimos a pessoas jurídicas cresceu de 0,6% para 10,0%.
“Essa revisão incorpora os efeitos do aumento acentuado na demanda das empresas por crédito, refletindo o comportamento precaucional ante o aumento das adversidades impostas pela pandemia da covid-19 e a necessidade de caixa da grande maioria das empresas decorrente da queda nas vendas”, afirmou o BC no relatório.
CONTA CORRENTE
O BC diminuiu a previsão do déficit em conta corrente do Brasil neste ano para US$ 13,9 bilhões, de US$ 41,0 bilhões projetados em março.
“Foram determinantes para essa revisão os efeitos econômicos da covid-19, que contribuíram para a desaceleração do comércio global, bem como para redução na projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) doméstico para 2020 e para deterioração do ambiente de investimento internacional”, afirmou a instituição no documento.
O BC agora prevê contração de 17,0% nas exportações e de 19,7% nas importações em relação a 2019, e um superávit comercial de US$ 39,0 bilhões – ligeiramente menor que o de US$ 40,8 bilhões observado no ano passado.
“Para as exportações, a queda reflete, principalmente, diminuição generalizada dos preços internacionais e do quantum de produtos manufaturados. Espera-se, em contrapartida, aumento do quantum exportado de básicos, cuja demanda tem se mostrado resiliente até o momento”, disse o BC, referindo-se ao volume de exportações.
“A redução das importações tem como fator determinante a desaceleração da atividade doméstica em meio à pandemia da covid-19, com impacto mais acentuado em bens duráveis e combustíveis. A desvalorização do real frente ao dólar americano e a redução dos preços internacionais de bens importados também contribuem para a queda”, disse a instituição.
“Em contrapartida, aumentou-se o valor esperado para operações no âmbito do Regime Aduaneiro Especial para Bens destinados às Atividades de Pesquisa e de Lavra das Jazidas de Petróleo e de Gás Natural (Repetro), compensando, assim, parte do recuo citado anteriormente. Como decorrência dessas alterações, estima-se retração de 18,2% na corrente de comércio em 2020”, afirmou.