Brasília – Depois de anunciar um corte de 0,25 ponto porcentual (pp) na taxa básica de juros, a Selic, a 4,25% ao ano, o Comitê de Política Monetária (Copom) afirmou ser “adequado” interromper o ciclo de redução, levando em consideração o efeito defasado do estímulo que já vinha sendo aplicado à economia pela instituição.
“Considerando os efeitos defasados do ciclo de afrouxamento iniciado em julho de 2019, o Comitê vê como adequada a interrupção do processo de flexibilização monetária. O Comitê enfatiza que seus próximos passos continuarão dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação, com peso crescente para o ano-calendário de 2021”, informou o comunicado.
O comunicado ressaltou ainda que “o atual grau de estímulo monetário, que atua com defasagens sobre a economia, pode elevar a trajetória da inflação acima do esperado no horizonte relevante para a política monetária”, e afirmou que a inflação subjacente encontra em níveis compatíveis com o cumprimento da meta para a inflação, em vez de em níveis confortáveis, como foi colocado no comunicado passado.
O Copom também fez leves ajustes nas projeções de inflação, mas ainda assim elas ficaram dentro ou abaixo da meta.
No cenário híbrido com trajetória para a taxa de juros extraída da pesquisa Focus e taxa de câmbio constante a R$ 4,25 por dólar, as projeções foram de 3,5% para 2020 e 3,7% para 2021 – ante 3,5% e 3,4% no comunicado anterior. Esse cenário supõe trajetória de juros que encerra 2020 em 4,25% e se eleva até 6,00% em 2021.
No cenário com taxa de juros constante a 4,50% e taxa de câmbio constante a R$ 4,25, as projeções situam-se em torno de 3,5% para 2020 e 3,8% para 2021 – ante estimativa anterior de 3,7% para os dois anos.
RISCOS AO CENÁRIO
O Copom manteve em seu balanço de riscos ás previsões para a inflação a perspectiva de que a taxa possa ficar menor do que se espera por causa do “nível de ociosidade elevado” da economia. Porém, deixou claro que a inflação pode superar as estimativas por causa do “atual grau de estímulo monetário, que atua com defasagens sobre a economia”.
Este último risco ganha força se for confirmado o “aumento da potência da política monetária decorrente das transformações na intermediação financeira e no mercado de crédito e capitais”, se houver piora no cenário externo para as economias emergentes e se as reformas esperadas pelos agentes econômicos não se concretizarem.