BCE deve elevar as taxas de juros novamente em 0,50 pp nesta semana

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São Paulo – O Banco Central Europeu (BCE) deve aumentar suas taxas básicas de juros novamente em 0,50 ponto percentual (pp) na próxima quinta-feira (16), apesar da persistência da inflação acima da meta e da recente crise no sistema bancário dos Estados Unidos.

Especialistas acreditam que o início turbulento da semana com a quebra do Silicon Valley Bank (SVB) e do Signature Bank não deve alterar os planos do BCE, apesar de representar um problema para o ciclo de aperto monetário do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano).

“Antes da recente turbulência do mercado, tínhamos poucas dúvidas de que o BCE anunciaria outro aumento de taxa de 0,50 ponto percentual esta semana, enquanto continuava a adotar um tom hawkish A nossa confiança diminuiu um pouco, à medida que os investidores reduzem as suas expectativas de taxas de juros mais altas em todo o mundo”, diz a Ebury em sua previsão semanal.

Apesar disso, a empresa de gestão de risco manteve sua previsão de aumentos de 0,50 pp nesta e na próxima reunião do BCE.

“É importante ressalvar que as comunicações da presidente [Christine] Lagarde foram duras, abrindo caminho para um aperto adicional nas próximas reuniões. O Conselho do BCE sinalizou na sua declaração que ‘pretende’ fazer o mesmo em março – raramente o banco foi tão explícito nas suas orientações futuras”, sublinha a Ebury.

As tensões bancárias dos Estados Unidos tornam compreensível que os mercados tenham reduzido as expectativas para o aumento da taxa de juros do BCE, mas um aumento de 0,50 pp ainda é provável, diz Piet Haines Christiansen, do Danske Bank.

“Embora eu entenda por que os mercados precificaram uma probabilidade de a ação do BCE ser menos forte do que um aumento de taxa de 0,50 pp, ainda tenho um caso base claro para 0,50 pp”, defende Christiansen.

É provável um caso isolado para os bancos dos Estados Unidos que representam pouco risco para o sistema bancário europeu, que o BCE deve ser capaz de ignorar amplamente ao tomar uma decisão, completa.

Segundo o ING, um aumento de 0,50 pp na quinta-feira parece um “acordo fechado” e o “debate mais acalorado” será sobre os rumos da política monetária para além da reunião de março.

“Embora tenha havido alguns desenvolvimentos positivos nos indicadores de confiança desde o início do ano, os dados concretos ainda não são nada otimistas. Curiosamente, duas revisões para baixo dos dados do PIB alemão e uma revisão para baixo dos dados do PIB irlandês colocaram a economia da zona do euro à beira da recessão no quarto trimestre de 2022 e outra estagnação no primeiro trimestre ainda não pode ser excluída”, observa o chefe global de macro do ING, Carsten Brzeski.

O Rabobank vai na mesma linha e antecipa a possibilidade de um aumento igual em maio. “Os últimos dados de inflação destacam seu poder de permanência, fazendo com que um terceiro aumento de 0,50 pp esteja praticamente concluído. A reunião de março fornecerá algumas informações importantes sobre as chances de o BCE poder manter o ritmo de 0,50 pp até maio”, diz o banco em relatório.

Entre março e a próxima reunião em maio, importantes dados econômicos, como uma atualização da Pesquisa de Empréstimos Bancários e dados iniciais de crescimento do PIB da zona do euro no primeiro trimestre, serão divulgados. “Essas são duas evidências importantes que podem inclinar a balança em qualquer direção, pondera Brzeski.

Conforme defendido pelo BCE nos últimos meses, as futuras decisões sobre taxas de juros continuarão a depender dos dados e seguirão uma abordagem reunião a reunião.