São Paulo – O Banco Central Europeu (BCE) está se preparando para anunciar mais um aumento das taxas básicas de juros na próxima quinta-feira (27), em resposta à inflação persistente acima da meta na zona do euro. Os analistas projetam uma alta de 0,25 ponto percentual (pp), o que levará a taxa de depósitos a 3,75%.
Segundo os dados oficiais recentes, o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) da zona do euro atingiu 5,5% em junho, o ponto mais baixo desde janeiro de 2022. Apesar da desaceleração global, a inflação ainda justifica um aumento modesto.
“A inflação subjacente será muito, muito lenta para cair, então isso é uma preocupação para o BCE”, diz Reinhard Cluse, economista-chefe europeu do UBS, observando o mercado de trabalho apertado e pressões salariais.
O macroestrategista global do RBC Capital Markets, Peter Schaffrik, reforça que o BCE está destinado a subir novamente as taxas de juros. “Qualquer outra coisa seria uma grande surpresa”, afirma.
Em junho, o BCE já havia elevado sua principal taxa de juros em 0,25 pp, levando-a a 3,5%. Agora, o mercado precifica em 99% as chances de novo aumento de 0,25 pp na quinta-feira, de acordo com dados da Refinitiv.
No entanto, Paul Hollingsworth, economista-chefe europeu do BNP Paribas, destaca a incerteza sobre o futuro das taxas de juros. “Em contraste com junho, quando a presidente Christine Lagarde disse que ‘é muito provável que continuemos a aumentar as taxas em julho’, não esperamos que ela comprometa o Conselho a outro aumento na reunião de setembro”, diz ele.
Dada a falta de uma direção explícita, os traders estarão atentos às entrelinhas da comunicação do BCE para tentar estabelecer um viés em direção ao aperto, neutralidade ou pausa nas próximas decisões de política monetária.
“(A presidente do BCE, Christine) Lagarde enfatizará a incerteza e a condicionalidade (quando e se ela mencionar mais aperto)”, afirma Massimiliano Maxia, especialista sênior em renda fixa da Allianz Global Investors.
Alguns analistas preveem que o BCE fará uma pausa em setembro, caso as previsões atualizadas indiquem que a inflação está caminhando para atingir a meta de 2%. Essa abordagem seguiria o que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) fez recentemente.