BCE irá até onde for necessário para estabilizar inflação nos 2%, diz Lagarde

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São Paulo – A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, garantiu nesta terça-feira que a instituição irá “tão longe quanto necessário” para garantir que a inflação se estabilize na meta de 2% no médio prazo.

“Continuaremos nesse caminho de normalização e iremos até onde for necessário para garantir que a inflação se estabilize em nossa meta de 2% no médio prazo”, disse ela num discurso de abertura do segundo dia do Fórum do BCE, em Sintra, Portugal.

Lagarde avisou que a inflação na zona do euro, que atingiu 8,1% em maio, está “indesejavelmente alta” e deve continuar assim por algum tempo.

Segundo Lagarde, o BCE está pronto para aumentar as taxas de juros, “de uma forma determinada e sustentada”, mas incorporando princípios de “gradualismo e opcionalidade”. “Isto significa mover-se gradualmente se houver incerteza sobre as perspectivas, mas com a opção de agir de forma decisiva sobre qualquer deterioração da inflação no médio prazo, especialmente se houver sinais de desancoragem das expectativas de inflação”, explicou.

A francesa também abordou o novo instrumento anti-crise da dívida na região que “vai conter um aumento desordenado dos spreads da dívida da zona do euro”, mantendo, ao mesmo tempo, a pressão sobre os governos dos Estados-membros para manterem contas públicas em ordem.

“O novo instrumento terá de ser eficaz, ao mesmo tempo proporcional e conter salvaguardas suficientes para preservar o ímpeto dos Estados-membros para uma política orçamental sólida”, adiantou, sinalizando que a ferramenta de controlo dos juros da dívida vai ter algum tipo de condicionalismo associado.

Lagarde defendeu que este instrumento é necessário para que o BCE possa avançar com a normalização da política monetária sem prejudicar os países mais endividados, como Itália, Portugal e Espanha.

Entretanto, os governos também “terão de fazer a sua parte” neste processo de redução dos riscos, acrescentou. Devem “fornecer apoios direcionados e temporários” às famílias e empresas, enquanto prosseguem com políticas de redução da dívida pública e de estabilização da economia.

Sem mencionar a palavra recessão, Lagarde disse que o BCE reviu significativamente em baixa as previsões para o crescimento da economia da zona do euro para os próximos anos. “Revisamos marcadamente para baixo nossas previsões de crescimento nos próximos dois anos. Mas ainda esperamos taxas de crescimento positivas devido aos amortecedores domésticos contra a perda de dinamismo de crescimento”, assinalou.