BCE opta por manutenção de flexibilidade diante de incerteza econômica, diz ata

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Prédio da sede do BCE em Frankfurt, Alemanha | Divulgação/ECB

São Paulo – Na reunião de política monetária do Banco Central Europeu (BCE) realizada nos dias 11 e 12 de dezembro, foi decidido um corte de 0,25 ponto percentual nas três principais taxas de juros da zona do euro. Segundo a ata da reunião, divulgada nesta quinta-feira, a medida foi unânime entre os membros do conselho.

Durante a reunião, foi destacada a necessidade de um ritmo controlado de flexibilização, com a possibilidade de novos cortes em janeiro, dependendo da evolução dos dados econômicos. Como destacado na ata, “um corte desta magnitude estava em linha com um ritmo controlado de flexibilização e forneceu uma noção da direção do caminho das taxas de juros”. Contudo, a ata também sublinha que o conselho optou por uma abordagem dependente de dados, observando que “a dependência de dados impedia quaisquer conclusões precipitadas sobre o caminho futuro da taxa”.

Vários membros do conselho sugeriram que um corte de 0,50 ponto percentual seria mais apropriado, especialmente considerando os riscos crescentes para o crescimento da zona do euro. Eles destacaram que a perspectiva econômica da região se deteriorou nas últimas projeções e que uma medida mais drástica poderia atuar como um seguro contra possíveis quedas mais acentuadas no crescimento e no risco de inflação abaixo da meta de 2%. A ata menciona que “alguns membros observaram que um caso poderia ser feito para um corte de taxa de 0,50 ponto percentual na reunião atual e teriam favorecido mais consideração sendo dada à possibilidade de um corte tão maior”. Contudo, outros membros alertaram que tal movimento poderia ser interpretado como um sinal de pessimismo excessivo quanto ao estado da economia, o que não seria desejável.

Durante a reunião, também foi discutido que uma parte significativa da desaceleração econômica atual deve ser atribuída a fatores estruturais que estão além do controle da política monetária. A ata explica que “uma parte significativa da desaceleração econômica provavelmente foi atribuída a fatores estruturais que a política monetária não conseguiu abordar e que precisavam ser abordados pelos governos”. Nesse contexto, os membros do BCE apontaram que a política monetária “não pôde assumir a responsabilidade pelo crescimento de longo prazo, que era, em vez disso, responsabilidade dos governos”.

Além da decisão sobre as taxas de juros, os membros do BCE aprovaram uma mudança significativa na redação da comunicação oficial, removendo a referência a um viés de aperto da política monetária. A nova formulação foca na flexibilidade e na adaptação da política monetária para garantir que a inflação se estabilize de maneira sustentável em torno da meta de 2% no médio prazo. A ata menciona que “os membros apoiaram a mudança proposta na redação da declaração de política monetária que removeu o viés de aperto ao substituir a intenção de ‘permanecer suficientemente restritivo’ por uma promessa mais bilateral de adotar a postura apropriada ‘para garantir que a inflação se estabilize de forma sustentável em nossa meta de médio prazo de 2%'”.

No âmbito da normalização do balanço do BCE, foi acordado que os reinvestimentos dos pagamentos de títulos vencidos adquiridos sob o programa de compras de emergência pandêmica (PEPP) cessariam no final de 2024. Além disso, em dezembro de 2024, os bancos começarão a pagar os valores restantes dos empréstimos realizados sob as operações de refinanciamento de longo prazo direcionadas, marcando a conclusão de uma fase do processo de normalização monetária. A ata registra que “os membros também concordaram com a proposta do Sr. Lane de que os reinvestimentos dos principais pagamentos de títulos vencidos adquiridos sob o programa de compras de emergência pandêmica (PEPP) cessassem no final de 2024”.

Por fim, a ata aponta que “os membros concluíram que as mudanças propostas na comunicação atingiram um equilíbrio fino entre remover a referência à manutenção da restritividade da política monetária e evitar enviar um sinal de que o caminho dos ajustes de taxa estava predefinido”.