BCE quer entender como mudança climática impacta preços, diz Lagarde

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São Paulo – O Banco Central Europeu (BCE) está tentando entender como as mudanças climáticas impactam os preços e, por isso, incluiu as questões climáticas em seu processo de revisão da política monetária que está em curso, segundo a presidente da autoridade monetária, Christine Lagarde.

“Os bancos centrais estão envolvidos, em sua maioria, com a estabilidade de preços. A função de um banco central é garantir estabilidade. Embora o clima não seja prioridade de um banco central, acredito que qualquer instituição deve verificar o que pode fazer e como pode fazer para administrar essa questão. Já estamos fazendo isso no BCE. Nossa revisão inclui como a mudança climática impacta os preços”, disse ela.

Em janeiro do ano passado, o BCE anunciou o processo de revisão estratégica da inflação e de suas ferramentas. A ideia era que o trabalho estivesse concluído no final de 2020, mas devido à pandemia do novo coronavírus, a autoridade acabou estendendo esse prazo para meados deste ano.

A principal meta de Lagarde em torno do processo de revisão é unir seus colegas em torno de um desejo comum: garantir que o BCE cumpra seu principal mandato de estabilidade de preços.

Apesar de anos de medidas questionadas, como taxas de juros negativas e compra de títulos, o BCE até agora não conseguiu restaurar a alta dos preços dentro da meta de pouco abaixo de 2% ao ano.

Lagarde fez os comentários durante um painel virtual do BIS sobre como a inovação pode apoiar um crescimento sustentável. Ela não tratou de política monetária ou de perspectivas sobre a economia durante o evento.

LAGARDE: Moedas e pagamentos digitais estão no horizonte do BCE

A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, reconheceu a importância que as moedas digitais e meios de pagamentos internos e transfronteiriços digitais terão em uma economia que passa por processo de inovação.

“Moedas e pagamentos digitais estão no horizonte do BCE. Olhamos para isso com muito cuidado. É uma de nossas prioridades”, disse ela.

Os comentários acontecem em um momento no qual as moedas digitais ganham cada vez mais força. Recentemente, o bitcoin bateu recordes sucessivos depois que empresas como a fabricante de carros elétricos Tesla indicaram que passarão a aceita-la como pagamento.

Muitos bancos centrais, entre eles o BCE, passaram a avaliar a possibilidade de emitir uma moeda digital própria. Em entrevista à The Economist no mês passado, Lagarde disse que o euro digital seria implementado em quatro anos, mas não acabaria com os meios de pagamentos existentes.

O Banco do Povo da China (Pboc, o banco central do país) é considerado o pioneiro no uso de moedas digitais, tendo iniciado o processo há cerca de seis anos, embora ainda não esteja concluído.

“A inovação deve fazer parte do DNA de um banco central”, afirmou Lagarde, acrescentando que “a pandemia forçou uma aceleração da inovação, já que mudou o jeito como as pessoas lidam com as coisas”.

Lagarde fez os comentários durante um painel virtual do BIS sobre como a inovação pode apoiar um crescimento sustentável. Ela não tratou de política monetária ou de perspectivas sobre a economia durante o evento.