BCE será persistente e não apertará política monetária cedo demais, diz Lagarde

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São Paulo – O Banco Central Europeu (BCE) será persistente e não apertará sua política monetária cedo demais, disse a presidente da instituição, Christine Lagarde, reiterando que as orientações futuras serão redefinidas na próxima reunião do Conselho, em 22 de julho.

“O que teremos que fazer agora é redefinir nossa orientação futura para alinhá-la com a revisão da estratégia”, disse Lagarde, em entrevista ao jornal “Financial Times” reproduzida pelo site do BCE, ao ser questionada se o banco será mais paciente em elevar juros no futuro sob a nova estratégia.

“Quando dizemos que nossa resposta deve ser especialmente enérgica ou persistente, acho que persistente tem a intenção exata de sinalizar que não iremos apertar prematuramente”, disse ela. “O uso de ‘persistente’ é uma indicação de que não pode haver aperto monetário prematuro como vimos no passado”.

Segundo Lagarde, “não devemos realmente minar ou subestimar as palavras-chave que temos, que é essa reação especialmente forte ou persistente”, e é preciso resistir a restrições de juros baixos. “Diante do choque adverso, você tem uma reação especialmente forte porque não quer ficar preso. Mas reconhecendo que perto do limite inferior efetivo você precisa estar ainda mais tempo no jogo, é por isso que você diz ‘persistente'”.

A presidente do BCE disse ainda que podem haver divergências no Conselho do BCE sobre a implementação da nova estratégia de política monetária, que inclui meta de inflação simétrica de 2% com alguma tolerância à ultrapassagem da meta em algumas circunstâncias.

“Não tenho a ilusão de que a cada seis semanas teremos consentimento unânime e aceitação universal porque haverá algumas variações, alguns posicionamentos ligeiramente diferentes. E isso é bom”. Segundo ela, ainda há muito a ser decidido sobre a implementação da estratégia e “será um esforço constante a cada seis semanas”.

Por fim, ela reiterou que a nova meta de inflação é “simples, sólida, simétrica” e pode implicar em um “período transitório durante o qual reconhecemos que nossas políticas podem implicar em um desvio moderado acima da meta”.

Desde o início da pandemia, o BCE lançou o programa de compra de emergência pandêmica (PEPP, na sigla em inglês) de US$ 1,850 trilhão de euros, com duração até março de 2022, além de empréstimos a bancos a taxas negativas. Alguns membros do Conselho do BCE apoiam a redução dos estímulos, como mostrou a ata da reunião de junho.