BCE sinaliza em ata que deve recalibrar instrumentos em dezembro

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São Paulo – O avanço de casos de covid-19 e as medidas de contenção estão pesando na atividade econômica da zona do euro, e os riscos aumentaram, o que deve levar o Banco Central Europeu (BCE) a recalibrar seus instrumentos em dezembro, de acordo com ata da reunião mais recente do Conselho do BCE, realizada nos dias 28 e 29 de outubro.

“Os dados e resultados de pesquisas indicaram que a recuperação econômica da zona do euro está perdendo impulso mais rapidamente do que o esperado. Após uma recuperação forte, mas parcial e irregular, no terceiro trimestre, o aumento dos casos de covid-19 e a intensificação das medidas de contenção associadas pesam sobre a atividade”, diz o documento.

“Os riscos para o cenário de base das projeções de setembro aumentaram claramente, mudando o balanço de riscos ainda mais para o lado negativo”. Segundo a ata, o Conselho do BCE está avaliando cuidadosamente as implicações do agravamento da pandemia e da intensificação das medidas de contenção para as perspectivas.

Com relação aos preços, a dinâmica da inflação tem se enfraquecido em comparação com o que se esperava anteriormente, e “as medidas de inflação devem permanecer fracas no contexto de demanda baixa e folga significativa nos mercados de trabalho e produtos”. O BCE disse ainda que “a taxa de câmbio do euro manteve-se amplamente estável” desde a reunião de setembro, quando foram divulgadas as últimas projeções.

Assim, “os membros concordaram amplamente que, dada a desaceleração mais acentuada do ímpeto de crescimento e o enfraquecimento da dinâmica da inflação em comparação com o que se esperava anteriormente, bem como a deterioração do balanço de riscos, seria necessário recalibrar os instrumentos de política monetária em dezembro”.

Segundo a ata, “o Conselho vai recalibrar seus instrumentos, conforme apropriado, para garantir que as condições de financiamento permanecessem favoráveis para apoiar a recuperação econômica”. Apesar do amplo entendimento sobre a necessidade de recalibragem, “foi advertido que o Conselho do BCE não deveria se comprometer previamente com ações de política monetária específicas”.

Ainda de acordo com o documento, os membros enfatizaram que “as preocupações com a economia permaneceriam até uma vacina ou tratamento eficaz tornar-se amplamente disponível, o que pode levar algum tempo”. Neste contexto, os membros destacaram o papel da política fiscal.

“Uma postura fiscal ambiciosa e coordenada permanece crítica e é a política mais eficaz na situação atual para lidar com os efeitos da pandemia e as medidas de contenção associadas”, diz a ata. “A política fiscal e monetária reforça uma a outra nas atuais circunstâncias”.