São Paulo – A relação entre Brasil e Estados Unidos deve permanecer instável à medida que o governo do presidente Jair Bolsonaro tenta amenizar o tom para manter relações amigáveis com o governo do seu homólogo norte-americano, Joe Biden, afirma o professor de Relações Internacionais da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Pedro Brites.
Segundo Brites, apesar de Bolsonaro ter se alinhado ideologicamente com o antecessor de Biden, Donald Trump, a relação entre as duas nações não gerava frutos. Agora, com Biden distante do presidente brasileiro em termos de ideias e de políticas públicas, a situação deve ser ainda mais árida.
“O Brasil nunca foi um ponto muito importante para os norte-americanos e agora isso só piora. Para nós, os Estados Unidos é um parceiro comercial essencial, o que deve gerar uma tentativa do governo brasileiro de amenizar tons mais exagerados e criar uma relação amigável”, afirmou Brites em entrevista ao vivo para a Agência CMA.
Entre as pautas mais importantes para Biden está o meio ambiente que, para o governo Bolsonaro, encontra-se em segundo plano. Apesar de o presidente brasileiro ter prometido acabar com o desmatamento ilegal até 2030 e neutralizar as emissões de carbono até 2050, Brites diz que o cenário político atual indica poucas ações efetivas nessa área.
“O que parece é que Bolsonaro tenta mudar mais o tom do que realmente alterar sua postura. Ele abre mais espaço para conversa e faz algumas promessas, mas suas medidas mudam pouco e, pelo atual cenário legislativo, é pouco provável que tais objetivos sejam realmente alcançados”, afirma ele.
Um dos pontos de tensão entre o Brasil e o mundo tem sido a preservação da floresta amazônica. Jon Kerry, enviado especial para o clima do governo Biden, chegou a dizer que os Estados Unidos precisariam intervir no bioma a fim de protegê-lo.
“Há muitas hipóteses sobre como os Estados Unidos podem atuar em relação a isso. As ideias vão desde sanções até intervenções militares. No entanto, ainda é cedo para prever medidas exatas. Para Bolsonaro será muito complicado ignorar as pressões da nação líder do mundo”, conclui ele.