Biden reverte políticas de Trump e devolve EUA à OMS e ao acordo de Paris

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São Paulo – Nas primeiras horas como presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, desfez uma série de medidas adotadas por seu antecessor Donald Trump. Cumprindo promessas de campanha, o democrata devolveu seu país ao acordo do clima de Paris e impôs um mandato sobre máscaras durante a pandemia do novo coronavírus.

Com o poder da caneta, Biden também interrompeu a construção do muro na fronteira dos Estados Unidos com o México e reverteu a proibição de viagens visando principalmente países muçulmanos.

O novo presidente norte-americano também deu início a uma reversão das políticas de Trump de se retirar de acordos internacionais, voltando não só ao acordo do clima de Paris como também impedindo a saída dos Estados Unidos da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Em relação à pandemia, a primeira ação de Biden foi impor um mandato de máscara sobre propriedade federal, rompendo com a abordagem de Trump para lidar com o novo coronavírus.

De acordo com a mídia local, a expectativa era de que Biden assinasse 17 decretos ainda hoje, agindo mais rápido e mais agressivamente para desmantelar o legado de Trump do que qualquer outro presidente.

A POSSE

Biden assumiu na tarde de hoje como o 46º presidente dos Estados Unidos, com um discurso permeado por mensagens de união, defesa à democracia e restauração de laços – pontos que marcaram toda a sua campanha eleitoral.

“Hoje celebramos a vitória da democracia e não a vitória de um candidato. A democracia é frágil, mas sobreviveu. Somos uma só nação, indivisível. Temos muito trabalho a fazer e há muito o que reparar e restaurar”, disse ele logo no início do discurso.

Analistas consultados pela Agência CMA nesta semana já haviam antecipado que Biden faria um discurso de posse dominado mensagens de união de um país que está extremamente dividido após a gestão de Donald Trump.

Diante da segmentação que se instaurou no país, o novo presidente dos Estados Unidos pediu que os norte-americanos deixassem para trás os discursos de ódio e e reafirmou que o compromisso de governar para todos.

“Desacordo não é motivo para se iniciar uma guerra. A democracia prevê discordâncias e sei que muitos discordam de mim, mas serei o presidente de todos os norte-americanos. Precisamos encerrar a guerra interna que divide nosso país”, afirmou. “Não somos mais nós e eles, azul contra vermelho, direita contra esquerda, liberais contra conservadores”, acrescentou.

Havia ainda uma grande expectativa sobre os sinais que Biden daria sobre parceiros comerciais, em especial, sobre a China. Ele não mencionou nenhum país nominalmente, mas disse que restauraria os laços com aliados. “Vamos reparar nossas alianças externas e nos engajaremos novamente no cenário internacional”, disse.

O novo presidente norte-americano falou pouco sobre a economia, afirmando apenas que compartilha das preocupações da população sobre a perda de empregos e prometendo melhorar a educação. Ele também mencionou as dificuldades que o país enfrenta durante a pandemia do novo coronavírus.

“Os Estados Unidos vão enfrentar o momento mais mortal da pandemia. O inverno será sombrio. Mas juntos vamos conseguir vencer esses desafios e construir uma economia mais forte para o futuro”, afirmou ele, pedindo um momento de oração para as mais de 400 mil mortes pela covid-19 nos Estados Unidos.

Biden mencionou, em linhas gerais, os desafios que as mudanças climáticas representarão para os Estados Unidos em um futuro próximo e reforçou, ao longo de sua fala, a necessidade de combate à supremacia branca, ao extremismo e o reforço à igualdade racial na esteira de uma onda de protestos recentes que tomaram conta dos Estados Unidos contra o racismo.

O novo presidente norte-americano encerrou seu discurso se comprometendo a defender as leis norte-americanas. “Defenderei a Constituição e a democracia, defenderei nosso país. Vamos escrever uma história de decência e dignidade. A democracia, a justiça e a verdade não morreram neste país”, completou.

Texto atualizado às 20h