São Paulo – O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) lançou oficialmente, nesta terça-feira, uma linha de crédito R$ 1 bilhão vai entrar em vigor na próxima segunda-feira (1/5) no Agrishow em Ribeirão Preto – feira que acontece de 1 a 5 de maio, em Ribeirão Preto (SP) e terá uma equipe do banco de fomento no evento. Os bancos parceiros do BNDES também poderão ofertar a linha.
O presidente do banco disse, em entrevista a jornalistas no Palácio do Planalto, que uma outra linha com as mesmas características será lançada para a indústria no dia 25 de maio, mas o valor não foi informado.
“Os exportadores que tem recebíveis em dólar poderão operar a linha para a compra de equipamentos, contanto que não façam desmatamento ilegal. O crédito é automático”, explicou presidente do BNDES, Aloizio Mercadante. “Como ele vai contrair uma dívida em reais, mas indexada ao dólar, se ele perde numa ponta, ganha na outra. Por exemplo, se o dólar desvaloriza, melhora a rentabilidade da exportação mas encarece a dívida. Se o real se aprecia, é o inverso. Então, zera o indexador.”
O presidente do BNDES disse que a linha é direcionada ao setor exportador, que em 2022, exportou mais US$ 350 bilhões, sendo US$ 149 bilhões da agricultura, e que por isso vê grande potencial de crescimento. “Há muito espaço para essa linha crescer, vai modernizar a agricultura, a indústria exportadora, vai gerar divisas, mais equipamentos e mais competitividade da nossa economia.”
Mercadante citou a volta do Brasil à diplomacia e o restabelecimento de suas relações com outros países deve permitir que a linha cresça. “Só nessa viagem à China, temos mais ou menos US$ 4,5 bilhões para serem encaminhados no BNDES, o que vai fortalecer essas linhas a médio prazo.”
O presidente da República em exercício, Geraldo Alckmin, também participou da entrevista e disse que todos que exportam, como o agronegócio, poderão ter financiamento em dólar. “Tudo o que nós queremos é crédito mais barato”, disse o ministro.
Ele disse que outros estudos estão sendo feitos e não podem ser divulgados, mas que serão apresentados ao presidente Luís Inácio Lula da Silva.
Mercadante também mencionou outra linha que está operacional, para micro e pequenas empresas, possibilitada pela renovação do Pronampe e do FGI PA (Fundo Garantidor do BNDES), citando a liberação da R$ 20 bilhões em 2020, durante a pandemia, para o BNDES garantir operações de crédito. “O BNDES, através dessa linha de 2020, do Tesouro Nacional, se compromete a garantir até 80% da operação de crédito, para micro, pequenas e médias empresas, até R$ 90 milhões, inclusive MEI”, disse.
Segundo o presidente do banco, o BNDES já tinha emprestado R$ 94 bilhões e, após a aprovação do fundo garantidor, fez uma “engenharia financeira” e liberou R$ 21 bilhões para os bancos. “O empréstimo é feito pelos bancos. É recurso dos bancos, garantido pelo fundo garantidor do BNDES”, disse.
“O crédito está voltando a partir dessa linha, é impressionante como a demanda cresceu. Em breve divulgaremos esses dados”, acrescentou Mercadante. Eles reforçou que não estão sendo utilizados recursos do Tesouro e que não há subsídio. “A linha para exportação é empréstimo. E a outra, para as PMES, é dos bancos, com garantia do fundo que já existia, criado em 2020.”
Ele voltou a dizer que o BNDES pagou R$ 677 bilhões ao Tesouro desde 2026, além de uma prestação do TCU e dividendos. “Nenhum banco de desenvolvimento paga dividendos. A Europa e os Estados Unidos estão oferecendo subsídios, aqui nós subsidiamos o Tesouro.”
Em 17 de março, o BNDES aprovou o uso de uma taxa fixa, em dólares americanos, para operações no âmbito do produto BNDES Crédito Rural para a aquisição de máquinas e equipamento agrícolas com o objetivo de ampliar e diversificar alternativas de crédito agropecuário a custos mais competitivos para esse segmento, intensivamente exportador. Na ocasião, o banco disse que, com a criação de uma linha com taxa fixa em dólares, a expectativa era de potencial de crédito superior a R$ 2 bilhões por ano para operações que utilizem esse custo financeiro e de contribuir para a ampliação da mecanização, renovação e atualização tecnológica da frota de tratores e colheitadeiras agrícolas, viabilizando maior produtividade no campo.