São Paulo – O Banco da Inglaterra (BoE) divulgou hoje sua decisão de política monetária e aumentou a taxa de juros para 1%, contra os atuais 0,75%, no intuito de apoiar a volta da inflação à meta de 2%. Mas os membros do banco preveem uma inflação ainda maior, de 10%, até o final do ano.
“As pressões inflacionárias globais se intensificaram acentuadamente após a invasão da Ucrânia pela Rússia. Isso levou a uma deterioração material nas perspectivas para o crescimento mundial e do Reino Unido”, diz o BoE no comunicado sobre a reunião.
“Esses desenvolvimentos exacerbaram muito a combinação de choques adversos de oferta que o Reino Unido e outros países continuam enfrentando. As preocupações com mais interrupções na cadeia de suprimentos também aumentaram, tanto devido à invasão da Ucrânia pela Rússia quanto aos desenvolvimentos do covid-19 na China”, continua o banco central.
A instituição estima que o Produto Interno Bruto (PIB) do Reino Unido tenha aumentado 0,9% no primeiro trimestre de 2022, mais forte do que o esperado no relatório de política monetária de fevereiro. Segundo o BoE, o nível do PIB deverá permanecer praticamente inalterado no segundo trimestre.
Em seu comunicado, o banco lembra que a inflação em doze meses subiu para 7,0% em março, cerca de 1 ponto percentual acima do esperado no relatório de fevereiro. “A força da inflação em relação à meta de 2% reflete principalmente grandes aumentos anteriores nos preços globais de energia e bens comercializáveis, o último dos quais se deve à mudança na demanda global para bens duráveis BoE.
Espera-se que a inflação aumente ainda mais ao longo de 2022 para pouco mais de 9% no segundo trimestre e com média ligeiramente superior a 10% em seu pico no quarto trimestre. “A maior parte desse aumento adicional reflete os preços mais altos da energia doméstica após o grande aumento no teto de preço do Ofgem em abril e o grande aumento adicional projetado em outubro”, ressalta o banco central.
Segundo o BoE, a inflação dos preços ao consumidor provavelmente atingirá o pico mais tarde no Reino Unido do que em muitas outras economias e, portanto, poderá cair mais tarde. “O aumento esperado da inflação do IPC [índice de preços ao consumidor] também reflete o aumento dos preços de alimentos, bens básicos e serviços”, diz o texto.
O BoE aposta que, com a política monetária atuando para garantir que as expectativas de inflação de longo prazo estejam próximas da meta de 2%, a pressão ascendente sobre a inflação do IPC deverá se dissipar ao longo do tempo.
Considerando o cenário de instabilidade global e aumento dos preços de energia, a maioria dos membros do Comitê avalia que algum grau de aperto adicional na política monetária ainda pode ser apropriado nos próximos meses. O BoE “continuará a analisar a evolução à luz dos dados recebidos e suas implicações para a inflação de médio prazo”.