São Paulo – Em sua reunião de 6 de novembro de 2024, o Comitê de Política Monetária (MPC) do Banco da Inglaterra (BoE) decidiu reduzir sua taxa bancária em 0,25 ponto percentual (pp), passando de 5% para 4,75%. A decisão foi tomada por uma maioria de 8 votos a 1, com um membro preferindo manter a taxa em 5%.
Segundo o comunicado, o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) registrou uma desaceleração significativa, caindo para 1,7% em setembro. No entanto, o BoE prevê que a inflação suba novamente para cerca de 2,5% até o final de 2024, devido à redução do impacto da queda nos preços de energia na comparação anual. “A inflação do CPI caiu para 1,7% em setembro, mas deve aumentar para cerca de 2% até o final do ano, já que a fraqueza nos preços de energia sai da comparação anual”, aponta.
A inflação nos serviços também diminuiu para 4,9%, mas ainda existem pressões inflacionárias, especialmente relacionadas aos custos salariais, que continuam elevados, com o crescimento anual de ganhos do setor privado em 4,8% nos três meses até agosto. O BoE observa que “o crescimento médio semanal regular anual dos ganhos do setor privado continuou a cair, mas permaneceu elevado em 4,8% nos três meses até agosto.”
O BoE continua a adotar uma política monetária restritiva para controlar as pressões inflacionárias remanescentes e garantir que a inflação retorne à meta de 2% de forma sustentável e duradoura. O Comitê afirmou que “a política monetária tem sido guiada pela necessidade de espremer as pressões inflacionárias restantes para fora da economia para atingir a meta de 2% tanto de forma oportuna quanto duradoura.”
De acordo com o comunicado, o Comitê avalia três cenários que podem impactar a persistência da inflação. O primeiro sugere que “a maior parte da persistência restante na inflação pode se dissipar rapidamente, à medida que a dinâmica de salários e fixação de preços continua a se normalizar após o desenrolar dos choques globais que aumentaram a inflação.” O segundo cenário indica que será necessário “um período de folga econômica pode ser necessário para normalizar totalmente essas dinâmicas.” O terceiro, mais pessimista, aponta para uma possível “persistência inflacionária também pode refletir mudanças estruturais no comportamento de salários e fixação de preços.”
O BoE projeta que a inflação do CPI retorne à meta de 2% no médio prazo, com base na previsão de uma normalização gradual das taxas de juros. Como destacado no relatório, “a inflação do IPC está projetada para cair de volta para cerca da meta de 2% no médio prazo, condicionada à média usual de 15 dias das taxas de juros futuras.”
Essa projeção também leva em consideração o impacto das medidas do Orçamento de Outono de 2024, que devem impulsionar o PIB em cerca de 0,75% ao longo de um ano, mas também aumentar ligeiramente a inflação. O Comitê observa que “os efeitos combinados das medidas anunciadas no Orçamento de Outono de 2024 são provisoriamente esperados para impulsionar o nível do PIB em cerca de 75% em seu pico em um ano, em relação às projeções de agosto.”
No entanto, a incerteza sobre o mercado de trabalho ainda é uma preocupação significativa. Os dados sobre o crescimento salarial têm se mostrado mais elevados do que as relações históricas sugeririam, o que dificulta uma avaliação precisa dos riscos para a inflação. O BoE destaca: “Permanece uma incerteza significativa em torno das perspectivas para o mercado de trabalho. Os dados são difíceis de interpretar e o crescimento salarial tem sido mais elevado do que as relações usuais preveriam.”
A decisão de reduzir as taxas de juros foi tomada em meio à avaliação de que o Reino Unido está fazendo progressos na contenção da inflação. Como afirmado pelo BoE, “uma abordagem gradual para remover a restrição de política continua apropriada.” No entanto, o MPC ressaltou que a política monetária ainda precisará ser restritiva por tempo suficiente para garantir que os riscos de uma nova aceleração inflacionária sejam totalmente dissipados.