São Paulo – A Embraer e a Boeing anunciaram o fim da parceria estratégia, que previa a criação de uma joint venture para a aviação comercial no qual a fabricante americana pagaria o valor de US$ 4,2 bilhões, e outra junção para desenvolver novos mercados para as aeronaves C-390 Millenium de transporte aéreo e mobilidade.
Em comunicado, a Boeing afirmou que exerceu o seu direito de rescisão já que a brasileira não satisfez as condições necessárias para a joint venture. Por outro lado, a Embraer explica que a fabricante americana rescindiu o acordo indevidamente, tendo criado falsas alegações como pretexto para se furtar de sua obrigação e concluir o acordo.
“A Embraer entende que a Boeing adotou um padrão sistemático de atrasar e violar o MTA [master transaction agreement] em razão da sua intenção de não concluir a operação, por força da sua própria situação financeira, das questões envolvendo o 737 MAX e de seus problemas reputacionais”, diz em comunicado a brasileira.
A Embraer disse que cumpriu todas as suas obrigações contratuais previstas no MTA e buscará todas as medidas cabíveis contra a Boeing como reparação dos danos sofridos pela rescisão indevida, já que foi uma operação custosa e complexa.
O presidente da Embraer, Francisco Gomes Neto, disse que a companhia foi pega de surpresa com a decisão da Boeing. “A empresa já iniciou procedimentos arbitrais acerca da rescisão do acordo”, afirmou durante teleconferência para falar sobre as iniciativas após a decisão do Boeing.
No ano passado, durante teleconferência de resultados do terceiro trimestre de 2019, a Embraer havia afirmado que os custos para separação do negócio seriam de US$ 100 milhões ou talvez um pouco acima disso.
Em janeiro deste ano, a Embraer anunciou que havia concluído o processo interno de separação da área de aviação comercial, uma das etapas necessárias para a formação da joint venture com a Boeing.
A Embraer ressalta que durante sua história de mais de 50 anos foi marcada por muitas vitorias, mas também por momentos difíceis, todos eles superados, assim como será esse agora. A operação já tinha recebido aprovação de todas as autoridades reguladoras necessárias, com exceção da Comissão Europeia.
A Boeing disse ainda que as empresas manterão o contrato de equipe principal existente, originalmente assinado em 2012 e ampliado em 2016, para comercializar e apoiar em conjunto as aeronaves militares C-390 Millennium.