BofA prevê terceiro trimestre difícil para mineradoras e siderúrgicas e bom para papel e celulose

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São Paulo – O Bank of America (BofA) divulgou relatório sobre as suas expectativas para os resultados do terceiro trimestre das companhias produtoras de commodities, em que afirma esperar um intervalo difícil para as ações de metais e mineração devido às quedas dos preços de todas as commodities metálicas cobertas pelo banco, em base trimestral. Por outro lado, mostrou visão positiva para papel e celulose e preferência por Suzano no setor.

Os nomes de aço devem apresentar os resultados mais fracos do grupo neste trimestre, dada a combinação de pressões de custo decorrentes de insumos com preços mais altos, como em carvão e placas, e preços mais baixos, diz a análise.

Os resultados devem ser particularmente fracos para os nomes de aços planos devido à guerra de preços da bobina laminada a quente (BQ) no Brasil e à forte queda nos preços da BQ na América do Norte.”A Usiminas deve ser o destaque negativo do trimestre, pois projetamos uma contração de EBITDA de 63% ante o 2T22, uma vez que as placas compradas pela empresa após a invasão russa à Ucrânia estão pressionando os resultados”, comentam os analistas.

Em relação às mineradoras, os analistas do BofA também esperam resultados fracos, dadas as quedas nos preços de minério de ferro e metais básicos em base trimestral, embora Vale, CSN e Southern Copper devam ver melhorias de volume no mesmo período comparativo.

VALE

A Vale – que divulga nesta segunda-feira após o fechamento do mercado seus números de produção e vendas do 3T22 – deve embarcar 80 milhões de toneladas (Mt) de minério de ferro no total, 9% acima do 2T22 e 5% acima do 3T21, enquanto aCSN Mineração embarcará 9 Mt (+19% q/q +10% a/a), estima o BofA.

No entanto, os menores preços de minério de ferro realizados devem compensar os melhores volumes, já que o benchmark caiu 25% de trimestre para trimestre e o mecanismo de ajuste provisório de preços também deve afetar as realizações de preços, dada a queda até o final do trimestre.

“Vemos os custos caixa melhorando para ambas as empresas, dada a maior diluição do custo fixo e menores custos de combustível com a Vale entregando US$ 22,5 por toneladas (-7% q/q; -1% a/a) e CSN Mineração US$ 20,8/t (- 14% q/q; +11% a/a)”, diz o BofA.

Do lado dos metais básicos, os embarques de níquel da Vale devem chegar a 43kt (+10% q/q; +3% a/a) e cobre a 70kt (+35% q/q; +7% a/a). “No total, esperamos que a Vale reporte uma queda de 21% q/q no EBITDA para US$ 4,3 bilhões, principalmente devido aos preços mais fracos tanto para minério de ferro quanto para metais básicos.”

Para a CSN Mineração, o BofA espera um EBITDA de R$ 956 milhões no 3T22, um aumento de 3% t/t principalmente devido a melhores volumes e menor C1, já que os preços realizados não devem cair tanto devido aos fracos números do 2T.

Para nomes de cobre, esperamos que o EBITDA caia 7% q/q para US$ 952 milhões para Southern Copper, liderado por preços mais baixos de cobre, parcialmente compensados por custos mais baixos e volumes mais altos em uma base q/q. Resultados mais fracos da Southern Copper devem levar a uma contração de 7% no EBITDA q/q para US$ 1,3 bilhão para sua controladora GMEX.

A CBA deve ser a mais prejudicada, entre as mineradoras, com uma contração de EBITDA de 47% t/t. “Para a CBA, esperamos que os volumes de alumínio subam 12% t/t para 125Kt, enquanto os preços devem cair na combinação da forte queda nos preços do alumínio neste trimestre, embora parcialmente compensado pela defasagem nos contratos, mantendo os prêmios acima da média. Esperamos que o EBITDA da CBA caia 47% t/t para R$ 340 milhões.”

PAPEL E CELULOSE

Já no segmento de celulose e papel, as companhias devem novamente apresentar bons resultados, alavancados pela continuidade dos preços de celulose fortes, aliados à desvalorização do real neste trimestre e aos fortes volumes, configurando uma temporada de resultados muito positiva para o setor. No setor, a posição preferencial do BofA para o trimestre é a Suzano.