São Paulo – O Bank of America (BofA) disse que o posicionamento de investidores europeus em ações de mineração, siderurgia e papel e celulose e, particularmente da América Latina, parecia muito leve, acompanhada da sensação de que eles estão se desfazendo desses ativos nas últimas semanas, preocupados com a pressão sobre os investimentos diante da piora dos indicadores macro globais.
“Os investidores mostraram-se preocupados com uma esperada recessão próxima, particularmente na Europa e nos EUA, e mostraram baixa confiança em uma forte recuperação nos indicadores macro chineses no segundo semestre deste ano. Em geral, a sensação é de que ou uma inflação persistentemente alta reduzirá o consumo ou que o aumento das taxas sufocará o investimento e ambas as trajetórias levarão a uma alta probabilidade de recessão à frente na visão dos investidores”, escreveram os analistas Caio Ribeiro, Leonardo Neratika e Guilherme Rosito, em relatório divulgado hoje, após encontro com investidores na Europa na semana passada.
Os analistas também não conseguiram identificar se os investidores europeus tinham uma ação de consenso no setor de materiais da América Latina que a maioria prefere possuir. “Percebemos que alguns ainda estão posicionados na Vale, apesar da correção no minério de ferro, devido ao ângulo de retorno de caixa, que a maioria concordou que parecia atraente, devido aos altos pagamentos de dividendos e recompras. No entanto, na maior parte, parecia uma posição “neutra”, dada a ponderação média na carteira do fundo versus o peso de referência ou a posição foi protegida para evitar uma visão direcional do minério de ferro”, comentaram.
Menos ainda estavam posicionados comprados em nomes de aço latino americanos como Gerdau e Usiminas, pois estavam preocupados que a queda nos preços e na demanda global do aço pudesse diminuir a lucratividade à frente. “Em mais de 20 reuniões, nos reunimos com apenas dois fundos posicionados em ações de celulose da América Latina (Suzano, Klabin). Sentimos que, na maioria das vezes, o apetite para vender ações de materiais nesses níveis era baixo, mas ao mesmo tempo parecia que os investidores estavam desfazendo posições em todo o espaço nas últimas semanas”, avaliam.
Na análise, o Bofa cita preferência nos papéis de Suzano, CMPC, além de Gerdau, todas com recomendação de compra, pois as avaliações são atraentes e com espaço para revisões de ganhos para cima. “Após a recente liquidação, as ações de materiais da América Latina estão sendo negociadas principalmente bem abaixo dos múltiplos históricos, mas reconhecemos que os ventos contrários macro podem continuar pesando sobre as ações nos próximos seis meses. Preferimos a exposição aos estoques de celulose da América Latina, onde os preços da celulose continuam surpreendendo positivamente.”