Bolsa cai e dólar sobe com agravamento da crise no PSL, partido de Bolsonaro

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Por Danielle Fonseca e Flavya Pereira

São Paulo – Após mostrar alguma volatilidade ao longo do pregão, o Ibovespa fechou em queda de 0,38%, aos 105.015,77 pontos, mostrando fraqueza depois de seis altas seguidas e em meio ao aumento da crise dentro do partido do presidente Jair Bolsonaro, o PSL. O volume total negociado foi de R$ 13,8 bilhões.

“Há um cenário otimista por trás, que fez o Ibovespa subir nos últimos seis pregões, mas o índice não sobe em uma linha reta, na ausência de notícias positivas surgem empecilhos. A questão da mudança da liderança do PSL no governo pode afetar um pouco o timing de prioridades do governo”, disse o analista da Necton Corretora, Glauco Legat.

Hoje, a deputada federal Joice Hasselmann (PSL-SP) foi removida do posto de líder do governo no Congresso. A turbulência no partido veio à tona na semana passada, quando o presidente Jair Bolsonaro apareceu em um vídeo sussurrando no ouvido de um de seus apoiadores, na saída do Palácio do Alvorada, que ele deveria “esquecer esse negócio de PSL”. O presidente acrescentou, no mesmo vídeo, que o presidente do partido, Luciano Bivar, estava “queimado”.

Para Legat, apesar, de a princípio, a questão ser uma briga interna do partido, é importante lembrar que há reformas a serem feitas, como a tributária e administrativa, além de precisar ser finalizada a reforma da Previdência no Senado, que embora já esteja “no preço”, seria um fator negativo se não for concluída no dia 22 de outubro como previsto.

Além dos ruídos na cena política local, o gerente da mesa de operações da H.Commcor, Ari Santos, destaca que depois da sequência de altas  “pode ser que alguns investidores queiram girar alguns papéis”, aproveitando para embolsar alguns lucros e vendo outras oportunidades. “Achei que o Ibovespa ia sustentar a alta em função do exterior e do Brexit, mas também não há mais nada muito importante acontecendo”, disse ainda.

Entre as ações, as de bancos mostraram volatilidade, com os papéis do Bradesco (BBDC3 -1,68%; BBDC4 -1,38%) ficando entre as maiores quedas do Ibovespa. Mesmo as ações do Banco do Brasil (BBAS3 -0,20%), que chegaram a subir mais de 1% e mostraram um tom mais positivo em meio à oferta secundária de ações feitas pelo banco, acabaram fechando em queda.

Além do Bradesco, entre as maiores quedas, ficaram as ações da B2W (BTOW3 -2,28%), da Rumo (RAIL3 -2,09%) e da Ultrapar (UGPA3 -1,59%). Na contramão, as maiores altas foram das ações Marfrig (MRFG3 1,22%), da Cogna, antiga Kroton, (COGN3 1,91%) e da B3 (B3SA3 1,86%), que ganhou uma ação bilionária no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf).

Amanhã, o mercado pode repercutir indicadores que serão divulgados na China, como vendas o varejo, produção industrial e PIB, além de a crise do PSL dever continuar no radar. Para o analista da Necton, ainda há uma tendência positiva para o Ibovespa, embora, sejam possíveis dias de queda no caminho e no curto prazo, com a temporada de balanços, que começa na semana que vem, podendo ser um novo gatilho positivo para o índice voltar a ganhar impulso.

O dólar comercial fechou em alta de 0,36% no mercado à vista, cotada a R$ 4,1720 para venda, em sessão marcada pela volatilidade, reagindo aos avanços no acordo de saída do Reino Unido da União Europeia – o Brexit – o que fez a moeda renovar mínimas sucessivas na primeira parte dos negócios. À tarde, porém, a moeda fez caminho inverso em movimento local influenciada por incertezas locais e saída de recursos estrangeiros.

A moeda chegou à mínima de R$ 4,1280 (-0,70%) na sessão acompanhando o otimismo global em meio à notícia de que o Parlamento britânico votará no sábado o acordo fechado com líderes europeus para a saída do bloco europeu. A economista-chefe do banco Ourinvest, Fernanda Consorte, o dólar se enfraqueceu globalmente fortalecendo as moedas de países emergentes.

No meio dos negócios, porém, a moeda estrangeira se descolou do exterior no mercado local renovando máximas sucessivas em viés de recuperação com novas saídas de fundos estrangeiros.

“Eles voltaram às compras após a moeda ter ficado barata, levando o dólar a romper de forma rápida a casa dos R$4,18”, destaca o diretor superintendente de câmbio da Correparti, Ricardo Gomes.

Amanhã, o mercado abrirá reagindo aos dados do Produto Interno Bruto (PIB) da China do terceiro trimestre, além das vendas no varejo no mês passado. “O PIB da China deve ter forte influência nos mercados a depender do resultado”, comenta a economista da Ourinvest. Ela acrescenta que o Brexit, após dar um passo importante, fica no radar dos investidores à véspera da votação da proposta no Parlamento britânico.