Bolsa cai e dólar sobe com desdobramentos da CPI da covid

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São Paulo – A Bolsa abriu em ligeira alta, mas o movimento positivo durou pouco. Em menos de uma hora de pregão, o Ibovespa mudou de direção e operou em baixa. No meio da tarde, engatou uma queda expressiva e voltou para o patamar dos 119 mil pontos.

O principal índice da B3 encerrou o pregão em baixa de 1,00%, aos 119.338,37 pontos. A Bolsa de Nova York operou todo o dia em queda, mas fechou em sentido misto. Nasdaq indicou perda de 0,345%, Dow Jones alta de 0,01% [praticamente estável] e S&P 500 retraiu 0,03%.

Os investidores ficaram atentos aos desdobramentos da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da covid instalada hoje no Senado, demissão de um integrante da equipe econômica e queda de papéis de peso no índice, como o setor financeiro e Petrobras. Esses fatores contribuíram para a queda mais expressiva no Ibovespa.

Para os analistas da Terra Investimentos, “o mercado aqui no Brasil segue bastante movimentado com alterações na equipe econômica de Guedes [ministro da Economia], com a demissão de Waldery Rodrigues do cargo de secretário especial da Fazenda e a pressão pela instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da covid e discursos de integrantes”, afirmam. No lugar de Waldery Rodrigues, assume o atual secretário do Tesouro Nacional, Bruno Funchal.

O senador Renan Calheiros (MDB-AL) foi escolhido como relator da CPI, após a liminar de ontem de um juiz de Brasília que o impedia de assumir o cargo. Para a presidência da CPI foi eleito Omar Aziz (PSD-BA) e como vice-presidente foi escolhido Randolfe Rodrigues (Rede-AP).

A CPI tem a função de investigar a atuação do governo federal no combate à pandemia e como Estados e municípios utilizaram as verbas destinadas ao enfrentamento da crise. Na quinta-feira, os integrantes da CPI se reúnem para votar o plano de trabalho do relator e dos requerimentos dos membros do colegiado.

Em relação ao setor corporativo, os papéis dos bancos e da Petrobras, que apresentam peso expressivo no índice, também contribuíram para retração. Essas ações chegaram a subir no início do pregão, mas mudaram o movimento. Os papéis do Itaú (ITUB4) fecharam em queda 1,52%; Bradesco (BBDC3 e BBDC4) perderam 0,82% e 0,89%, respectivamente.

As ações da Petrobras (PETR3 e PETR4) que também tiveram alta no início dos negócios, mudaram de direção e baixaram para 2,40% e 2,85%, respectivamente.

Os papéis da Vale (VALE3) conseguiram recuperar o movimento expressivo de alta da manhã e fecharam com ganho de 1,42%.

Para os analistas da Terra Investimentos, as bolsas em Nova York também apresentaram retração, mas a maioria mudou de direção no fechamento.  Os investidores esperam “por números da Microsoft e Alphabet, que serão divulgados após o encerramento do pregão, e se preparam para reunião de dois dias do Federal Reserve [Fed, banco central norte-americano”.

Eles ressaltaram que a alta dos rendimentos dos títulos do Tesouro norte-americano de dez anos- as treasuries- também influenciou no movimento aqui e no exterior. Os Notes -10 subiram de 1,57% para 1,6%.

O dólar comercial fechou em alta de 0,22% no mercado à vista, cotado a R$ 5,4610 para venda, em sessão de forte volatilidade em que a moeda operou sem direção única em boa parte dos negócios. Perto do fim do pregão, a moeda estrangeira virou o sinal e firmou alta acompanhando o exterior, onde as moedas de países emergentes pioraram com o avanço dos rendimentos dos juros futuros dos títulos do governo norte-americano, as treasuries.

À espera da decisão de política monetária do Federal Reserve, amanhã, o vencimento de 10 anos (T-Note) chegou a operar acima de 1,62%, no maior nível em duas semanas.

Para o economista da Guide Investimentos, Alejandro Ortiz, as treasuries ganharam fôlego na expectativa pela reunião do Fed, no qual espera-se que a autoridade monetária reitere uma postura “dovish” (suave). “Não acho que o Powell [Jerome, presidente do Fed] mudará o discurso dele em relação à última reunião”, comenta.

Ortiz reforça que, amanhã, as atenções do mercado se voltarão ao destaque do dia, com investidores à espera da publicação da decisão do Fed às 15 horas, seguida de uma coletiva de imprensa de Powell, enquanto aqui, o mercado acompanha os desdobramentos da CPI que investiga se houve erros ou omissões do governo no combate à pandemia de covid-19. Hoje, os senadores Omar Aziz (PSD-AM) e Randolfe Rodrigues (Rede-AP) foram eleitos presidente e vice-presidente da Comissão, respectivamente.

As taxas dos contratos de juros futuros (DIs) fecharam em alta em meio a uma realização de lucros diante da abertura da CPI da pandemia em um dia no qual os investidores também demonstram cautela com a agenda de indicadores dos próximos dias. A alta das taxas foi mais intensa nos vencimentos mais longos.

Com isso, o DI para janeiro de 2022 encerrou com taxa de 4,63%, de 4,62% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 6,230%, de 6,175%; o DI para janeiro de 2025 ia a 7,76%, de 7,66% antes; e o DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 8,39%, de 8,28%, na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações norte-americano flertaram com níveis recordes, mas terminaram o dia sem uma direção comum, com os investidores se desfazendo de papéis de empresas de tecnologia e comunicação em um momento no qual os juros dos títulos do Tesouro subiram.

Confira a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos no fechamento:

Dow Jones: +0,01%, 33.984,93 pontos

Nasdaq Composto: -0,34%, 14.090,20 pontos

S&P 500: -0,02%, 4.186,72 pontos