Bolsa cai e dólar sobe após Fachin anular processos de Lula

852

São Paulo – O Ibovespa fechou com forte queda de 3,98%, aos 110.611,58 pontos. A descida ladeira abaixo do índice da bolsa paulista foi reflexo da decisão do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), de anular as condenações do ex-presidente da república Luiz Inácio Lula da Silva em relação à Lava Jato.

O mercado estressou com a probabilidade de Lula tornar-se elegível para concorrer à presidência de 2022. “Voltamos ter uma possibilidade de uma eleição polarizada, aumentando o cenário de risco para o Brasil”, afirma o analista da Terra Investimentos Regis Chinchila.

O mercado entende que a decisão do ministro Fachin pode provocar uma forte derrota da Lava Jato. Para Chinchila, isso seria um retrocesso. A Procuradoria Geral da República disse que vai recorrer da decisão do ministro Fachin.

De acordo com Carlos Eduardo Pinheiro Corrêa, assessor de Investimentos da Speed Invest, o recuo de hoje não significa que a bolsa permanecerá nesse patamar. “Cada dia temos um mercado fragilizado devido à pandemia e à questão fiscal”.

O dólar comercial fechou em forte alta de 1,67% no mercado à vista, cotado a R$ 5,7770 para venda, no maior valor de fechamento desde 15 de maio do ano passado quando ficou em R$ 5,8410, reagindo à decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, que anulou as condenações envolvendo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Operação Lava Jato. Com isso, Lula torna-se elegível para cargos públicos. A moeda operou com perdas durante toda a sessão também seguindo o cenário mais negativo no exterior.

Por meio de nota à imprensa, Fachin afirmou que a decisão de anular processos envolvendo o ex-presidente na Lava Jato se dá pela não competência da 13 Vara Federal para julgar esses casos. A equipe de política da XP Investimentos avalia que a decisão é uma estratégia para tentar preservar os demais casos da operação.

“Evita que fosse decretada a suspeição do ex-juiz Sergio Moro. Tudo o que foi feito pela Lava Jato de Curitiba em relação a Lula será anulado”, reforça, acrescentando que Fachin busca retomar a relatoria dos casos da Lava Jato, já que ele vinha buscando há semanas uma forma de retomar o controle sobre os processos.

O gerente da mesa de câmbio da Correparti, Guilherme Esquelbek, reforça que a moeda bateu máximas sucessivas a R$ 5,78 com a notícia, já que a decisão “torna o ex-presidente apto para participar das eleições em 2022”. A economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, acrescenta que, com Lula legível, “há a percepção de insegurança jurídica”, o que gerou esse forte estresse no mercado.

A moeda, porém, já havia operado pressionada ao longo da sessão acompanhando as perdas das divisas de países emergentes em meio ao aumento dos rendimentos das taxas de juros futuros dos títulos de dívidas dos Estados Unidos, as treasuries, “alimentando” ainda mais os temores de que a inflação acelere e force o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) a elevar juros, destaca Esquelbek.

Para Abdelmalack, amanhã, o mercado deverá seguir reagindo à decisão de Fachin, além de ficar na expectativa pela retomada da votação da PEC Emergencial, prevista para esta semana na Câmara dos Deputados. “Além disso, tem o avanço da pandemia no país que ajuda a manter a moeda desvalorizada”, pondera.

As taxas dos contratos de juros futuros (DIs) sobem forte e passaram a renovar as máximas do dia depois da notícia de que o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, declarou a 13 Vara Federal de Curitiba incompetente para o processo e o julgamento das ações da Operação Lava Jato contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, anulando as condenações impostas ao petista. Com isso, o ex-presidente torna-se novamente elegível segundo a Lei da Ficha Limpa, observam juristas.

Ao término dos negócios, o DI para janeiro de 2022 fechou a 3,95%, de 3,82% no ajuste anterior e 3,99% na máxima; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 5,710%, de 5,435% no ajuste e 5,770% na máxima; o DI para janeiro de 2025 ia a 7,27%, de 7,00% antes e 7,35% na máxima; e o DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 7,86%, de 7,64% no ajuste e 7,94% na máxima.

O Dow Jones descolocou do S&P 500 e do Nasdaq e conseguiu terminar a primeira sessão da semana em alta, apoiado na perspectiva de liberação de uma rodada extra de alívio ao novo coronavírus em breve. O plano do presidente norte-americano, Joe Biden, de US$ 1,9 trilhão foi aprovado no Senado durante o fim de semana e pode ser votado na Câmara dos Deputados amanhã.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos principais índices de ações dos Estados Unidos no fechamento:

Dow Jones: +0,97%, 31.802,44 pontos

Nasdaq Composto: -2,41 %, 12.609,20 pontos

S&P 500: -0,53%, 3.821,35 pontos