Bolsa cai mais de 2% e dólar sobe com indefinições da PEC dos precatórios

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São Paulo- A Bolsa fechou em queda de mais de 2%, no patamar dos 103 mil pontos em um dia de aversão ao risco em que os investidores observaram com detalhe o balanço do Itaú Unibanco-lucro recorrente cresceu 34,8% para R$ 6,78 bilhões-, que apesar de positivo, mostrou preocupação em relação ao crédito. Atrelado a isso, a atenção do mercado com o risco fiscal após a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos precatórios, em primeiro turno, na Câmara.

O mercado aguarda o resultado de balanço do Bradesco, após o fechamento. No pregão de hoje os bancos caíram em bloco, As ações do Itaú (ITUB4) desvalorizaram 5,27% e do Santander baixaram 4,13%. Os papéis do Bradesco (BBDC3 e BBDC4) perderam 5,43% e 6,61%.

O principal índice da B3 caiu 2,08%, aos 103.412,09 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em dezembro tinha queda de 2,97%, aos 104.195 pontos. O giro financeiro foi de R$ 30,4 bilhões. Em Nova York, os índices fecharam mistos.

Segundo João Abdouni, especialista em investimentos da Inversa, o estresse na Bolsa é atribuído ao resultado do Itaú, que apesar de bom, o índice de cobertura para devedores duvidosos está menor e o CEO do banco [Milton Maluhy Filho] disse que espera uma inadimplência maior em 2022. “Os bancos podem estar enfrentando ou vir a ter em 2022 um problema de inadimplência devido à liberação maior de crédito na pandemia”.

Em relação aos precatórios, Abdouni não enxerga que a aprovação da PEC seja positiva porque existe o furo de teto de gastos. “O problema se materializou e não saiu da frente”.

Pedro Galdi, analista de investimento da Mirae Asset, disse que a nossa Bolsa está descolada de seus pares desde fevereiro, com cenário político deteriorando e Brasília em clima de eleições. “A tributação de dividendos e reforma do imposto de renda não avançaram e fomos para a PEC dos precatórios, com aprovação no ‘toma lá da cá’, privilegiando as campanhas do ano que vem.

O mercado vê isso com desconfiança porque atende uma parte das demandas e depende do Senado, que não está disposto a aprovar. E já estamos em novembro e as coisas não se resolvem. O investidor fica inseguro com esse ambiente de incerteza”, comentou.

Fernando Martin, analista da Levante Ideais de Investimentos, comentou que a expectativa par hoje era de alta na Bolsa, mas a votação da PEC dos precatórios pode ter dado uma estressada no mercado. “A margem foi estreita para vencer na no primeiro turno-eram necessários 308 votos e foram 312- e isso pode trazer uma possível apreensão e possível risco no segundo turno.”

Martin também afirmou que a manobra do Ciro Gomes em suspender a candidatura após seu partido apoiar a PEC dos precatórios, pode ser desfavorável para o segundo turno. “É uma leitura marginalmente negativa dessa aprovação”.

Na avaliação do analista da Levante Ideias de Investimentos, apesar de o balanço do Itaú ter vindo bom, “é difícil de fazer uma análise de curto prazo”. As ações de peso no Ibovespa têm um dia de queda. “Vale não está em um bom momento” e perderam 1,13% e Petrobras (PETR3 e PETR4) desvalorizaram 2,94% e 3,16%.

O dólar comercial fechou em R$ 5,6080, com alta de 0,33%. Pressionada, principalmente, pela apreensão com o futuro da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Precatórios, a moeda norte-americana não arrefeceu durante toda sessão, refletindo as incertezas do mercado.

Segundo o head de análise macroeconômica da GreenBay Investimentos, Flávio Serrano, “como a votação ficou em aberto e o placar foi apertado, o mercado está temeroso com um revés no segundo turno”. O segundo turno da votação deve ocorrer na próxima terça, dia 9.

O movimento do câmbio de hoje, então, está correlacionado ao que ocorreu ontem: “Hoje ocorre uma pequena correção do câmbio, com o dólar ganhando força”, pontua Serrano.
De acordo com a equipe de análise da Ouro Preto, “o tapering não teve nenhuma grande surpresa, foi em linha com as expectativas do mercado”.

A Ouro Preto destaca, porém, que o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, vai além: “Ele (Powell) está tentando dissociar o aumento de juros logo após o término do tapering”, pontuam. Esse aumento de juros seria negativo para os países emergentes, incluindo a China.

Quanto aos Precatórios, a Ouro Preto acredita que ainda existe um árduo caminho a ser percorrido: “A PEC tem um movimento bastante político. É preciso ver como será no Senado, as incertezas ainda são altas”, sublinham.

Para o economista-chefe da Infinity Asset, Jason Vieira, “o dólar sobe no mundo todo, inclusive ante o DXY (cesta de moedas desenvolvidas), não apenas contra as emergentes. Isso é reflexo do tapering”.

Embora a PEC tenha sido aprovada no primeiro turno, Vieira não comemora: “Ainda falta mais um turno, além do Senado. Não tem nada resolvido”, pontua. Ele ainda não vê uma influência positiva dos Precatórios no câmbio.

Apesar da desaceleração, as taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em alta, passada a euforia da ata do Copom, com tom altista, e após uma aprovação em 1 turno apertada da PEC dos Precatórios, na Câmara.
No fechamento do pegão regular, o DI para janeiro de 2022 tinha taxa de 8,388% de 8,380% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 12,095%, de 12,090%; o DI para janeiro de 2025 ia a 12,170%, de 12,030% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 12,190% de 12,040%, na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em campo misto após dados melhores do que o esperado e a decisão do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) de reduzir sua compra de ativos e não elevar taxa de juros.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices futuros de ações dos Estados Unidos no fechamento:

Dow Jones: -0,09%, 36.124,23 pontos
Nasdaq 100: +0,81%, 15.940,3 pontos
S&P 500: +0,41%, 4.680,06 pontos