Bolsa cai pelo 4º dia seguido e dólar recua

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Por Danielle Fonseca e Flávya Pereira

São Paulo – O Ibovespa fechou em queda pelo quarto dia seguido, com perdas de 0,35%, aos 116.247,03 pontos, refletindo as baixas de ações de peso, como de bancos e da Petrobras. O índice, porém, chegou a reduzir perdas após um discurso mais moderado do presidente norte-americano, Donald Trump, sobre a tensão com o Irã. O volume total negociado foi de R$ 24,3 bilhões.

“O dia de hoje já está sendo melhor que ontem em termos de risco, mesmo depois do ataque iraniano a bases dos Estados Unidos. Trump anunciou medidas contra o Irã, mas nada que leve a uma guerra”, acredita o analista da Guide Investimentos, Henrique Esteter.

Trump disse que os Estados Unidos estão engajados com a paz, mas que devem impor novas sanções aos Irã. Segundo o presidente norte-americano, os danos causados pelo ataque iraniano às bases do país no Iraque foram mínimos e eles estão preparados para se defender caso necessário.

Apesar do discurso, no fim do dia, notícias de que mísseis atingiram uma região de Bagdá, no Iraque, chegaram a voltar a trazer um pouco de cautela para os mercados, embora não se tenha detalhes de quais foram os danos e quem os lançou.

Entre as ações, alguns papéis de peso como as da Petrobras (PETR3 -1,62%,PETR4 -0,61%) também impediram uma maior recuperação do Ibovespa. Os papéis da estatal refletiram as perdas de mais de 4% dos preços do petróleo, que também foram influenciados pelo pronunciamento do presidente dos Estados Unidos.

Outras blue chips seguiram sem força hoje, caso de bancos, como o Itaú Unibanco (ITUB4 -1,62%), e da Vale (VALE3 0,01%). A Vale refletiu a notícia de que o Ministério Público de Minas Gerais deve denunciar a Vale por homicídio doloso no processo do rompimento da barragem da mina do Córrego do Feijão, em Brumadinho, em janeiro do ano passado.

Já as maiores baixas do índice foram das ações da WEG (WEGE3 -3,24%), da BR Malls (BRML3 -2,55%) e da Hapvida (HAPV3 -2,06%). Na contramão, as maiores altas foram da Braskem (BRKM5 5,38%), da Gol (GOLL4 3,95%), que mostrou dados operacionais positivos, e da Suzano (SUZB3 5,06%).

Para o sócio da Criteria Investimentos, Vitor Miziara, o Ibovespa ainda está “em tendência de alta”, mas no curto prazo tem espaço para uma realização de lucros até 115.297 e 114.500 pontos, o que também aconteceu nos últimos pregões. “Esse último ponto é um forte suporte e ponto para compra dada a expectativa de alta. Se perder, assume um movimento maior de queda projetando 110.600 e 109.400. Acima de 117.700 indica recuperação com objetivos em 118.800 e 119.500”, afirmou.

Amanhã, além de continuar a monitorar a situação entre Estados Unidos e Irã, os investidores devem ficar atentos a indicadores de inflação na China, da produção industrial brasileira e dos pedidos de seguro-desemprego dos Estados Unidos.

Já o dólar comercial fechou em queda de 0,27% no mercado à vista, cotado a R$ 4,0550 para venda, exibindo um pouco mais de otimismo do mercado global, principalmente entre as moedas de países emergentes, em reação ao discurso do presidente dos Estados Unidos.

“Mesmo com as incertezas decorrentes do conflito, investidores mudaram ‘de mão’ após o pronunciamento de Trump”, comenta o diretor da Correparti, Ricardo Gomes, acrescentando que o presidente norte-americano teve um discurso “contundente e áspero”.

Após a fala, o mercado renovou mínimas sucessivas e chegou a R$ 4,0420 (-0,59%) exibindo o bom humor dos mercados, incluindo as principais moedas de países emergentes com o peso mexicano se valorizando ao redor de 0,60% ante o dólar.

Gomes reforça que o Trump reafirmou a posição do governo em aumentar as sanções contra os iranianos, ao mesmo tempo que minimizou os efeitos da retaliação do Irã ontem à noite ao atacar duas bases militares dos Estados Unidos no Iraque, ao assegurar que nenhum norte-americano morreu e os danos às bases foram mínimos.

Amanhã, o foco do mercado deve voltar à agenda de indicadores, com destaque para os dados de inflação ao consumidor e ao produtor da China, em dezembro, que saem hoje à noite e podem dar o tom dos mercados na abertura dos negócios.

“Acredito que agora os investidores tiram o foco da tensão geopolítica efoca em dados inflacionários e na agenda de indicadores robusta desta semana”, diz o operador de câmbio da corretora Advanced, Alessandro Faganello.