Bolsa cai pelo 6º dia seguido e dólar sobe

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Por Danielle Fonseca e Flávya Pereira

São Paulo – Após ter operar em alta em boa parte do pregão, o Ibovespa encerrou em queda de 0,38%, aos 115.503,42 pontos, puxado pela virada de ações de bancos e acompanhando o movimento de piora das Bolsas norte-americanas, depois que o Estados Unidos anunciou uma nova rodada de sanções ao Irã.

Dessa forma, o índice já cai pelo sexto pregão consecutivo, voltando ao patamar de cerca de três semanas atrás (20 de dezembro, 115.121,08 pontos) e acumulou perdas de 1,87% na semana. O volume total negociado hoje foi de R$ 19,7bilhões.

Para o operador de renda variável da Commcor, Ari Santos, os papéis de bancos, que já pesaram nos últimos cinco pregões, foram novamente os responsáveis pela leve baixa do índice, refletindo notícias que podem trazer mudanças para o setor.

Entre essas notícias, estão declarações do presidente Jair Bolsonaro ontem, que afirmou que a Caixa Econômica será o “exterminador de bancos”, se referindo a reestruturações que o banco estatal tem feito e que devem aumentar a competição no mercado. Ontem, a Caixa também lançou uma nova área de atacado, para atender médias empresas.

“O setor bancário acaba neutralizando os outros que estavam um pouco melhores, ainda mais em uma sexta-feira de volume reduzido”, disse ainda o operador. Entre os destaques de queda ficaram o Banco do Brasil (BBAS3 -2,35%) e o Bradesco (BBDC4 -1,82%).

Já as maiores quedas do índice foram da Hapvida (HAPV3 -3,06%), da RD (RADL3 -3,17%) e da CVC (CVCB3 -3,11%). As maiores altas do Ibovespa, por sua vez, foram da Gerdau Metalúrgica (GOAU4 2,17%), da Eletrobras (ELET3 2,36%) e da Qualicorp (QUAL3 2,04%).

No cenário externo, as Bolsas norte-americanas também fecharam em leve queda depois que o governo de Donald Trump anunciou uma nova rodada de sanções contra o Irã, que tem como alvo oito autoridades sêniores próximas ao aiatolá Ali Khamenei e a indústria de metais iraniana. As sanções foram apresentadas em entrevista coletiva na Casa Branca pelos secretários de Estado, Mike Pompeo, e do Tesouro, Steven Mnuchin. Ambos destacaram que novas medidas devem ser adotadas caso o Irã prossiga com o que chamaram de comportamento desestabilizador no Oriente Médio

Na semana que vem, o operador da Commcor acredita que o Ibovespa pode se recuperar da sequência negativa caso boas notícias se confirmem, como a assinatura da primeira fase de um acordo comercial entre China e Estados Unidos, prevista para acontecer no dia 15 de janeiro. Também deve seguir no radar a situação no Oriente Médio, além de investidores seguiram acompanhando indicadores como as vendas no varejo no Brasil.

Já o dólar comercial fechou em alta de 0,26% no mercado à vista, cotado a R$ 4,0970 para venda, após inverter o sinal nos minutos finais do pregão com um fluxo pontual de compra à véspera do fim de semana. A moeda chegou à máxima de R$ 4,10 na sessão, no maior valor intraday desde 16 de dezembro, quando bateu a máxima de R$ 4,1050. Na semana – a primeira do ano – marcada pela escalada e pelo enfraquecimento dos conflitos geopolíticos entre Estados Unidos e Irã, a moeda se valorizou em 1,01%.

“Perto do encerramento dos negócios, a divisa norte-americana virou com um fluxo pontual na ponta compradora”, comenta o analista de câmbio da Correparti, Ricardo Gomes Filho.

Ele reforça que a moeda operou em queda por toda a sessão com um clima de “maior tranquilidade” em meio ao arrefecimento das tensões geopolíticas entre os Estados Unidos e o Irã. Além da expectativa positiva com a assinatura da chamada “fase 1” do acordo comercial entre norte-americanos e chineses.

Ao longo da sessão, os dados abaixo do esperado do relatório de emprego dos Estados Unidos, o payroll, corroborou para o movimento de queda da moeda. “O dólar ainda acelerou a queda [na segunda parte dos negócios] após os Estados Unidos terem detalhado as sanções econômicas prometidas ao Irã que vão atingir os setores da construção, indústria e algumas autoridades iranianas”, explica.

Na semana que vem, a agenda de indicadores tem de destaque o Produto Interno Bruto (PIB) da China e dados do comércio norte-americano no mês passado. “O PIB chinês deve ter crescido 6% no último trimestre do ano passado”, comenta a equipe econômica do Bradesco, acrescentando que nos Estados Unidos, os indicadores de inflação e de vendas no varejo devem continuar mostrando