Bolsa e dólar caem em dia de indicadores fraco nos EUA

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São Paulo – O Ibovespa fechou em queda de 0,56%, aos 105.008,70 pontos, acompanhando o dia negativo para os mercados acionários no exterior após uma série de indicadores e balanços preocupantes, como o tombo histórico do Produto Interno Bruto (PIB) do Estados Unidos no segundo trimestre. No entanto, o índice reduziu um pouco as perdas acompanhando a leve melhora das Bolsas norte-americanas em meio a alta de ações de empresas de tecnologia, com algumas divulgando balanços ainda hoje.

“O quadro ficou um pouco pior e abriu espaço para realizações de lucros, as economias vão precisar de mais estímulos e republicanos e democratas ainda não se entenderam sobre o pacote de ajuda nos Estados Unidos”, disse o economista-chefe do banco digital Modalmais, Alvaro Bandeira.

O PIB dos Estados Unidos despencou 32,9% no segundo trimestre em taxa anualizada e preocupou investidores, apesar de ter caído um pouco menos do que os 34,7% esperados pelo mercado. Já os pedidos de seguro-desemprego do país continuaram subindo nesta semana, em 12 mil para 1,434 milhão.

Depois dos números, as Bolsas norte-americanas fecharam em queda, com exceção do índice Nasdaq, que reúne empresas de tecnologia, que melhorou ao longo do pregão. O Facebook, Amazon e Google divulgaram seus balanços trimestrais há pouco.

O dia ainda foi de forte pessimismo nas Bolsas europeias depois que o PIB da Alemanha caiu 11,7% em relação ao mesmo trimestre do ano passado, vindo mais fraco que o esperado. A taxa de desemprego na zona do euro também preocupou, assim como a volta de aumento de casos de coronavírus em países como a Alemanha.

Não bastasse a série de indicadores preocupantes em função da crise causada pela pandemia, diversos balanços no exterior e o Brasil inspiram cautela. Por aqui, os papéis do Bradesco (BBDC3 -2,49%; BBDC4 -3,00%) ficaram entre as maiores quedas do Ibovespa após a divulgação do balanço e depois que o presidente do banco, Octávio Lazari, afirmou, em teleconferência, que os rumores de compra do banco digital C6 Bank não têm fundamento. A notícia tinha chegado a impulsionar os papéis dos bancos algumas semanas atrás.

Ainda entre as maiores quedas do índice ficaram outros papéis de peso, como os da B3 (BBAS3 -3,11%) e os da Ambev (ABEV3 -3,16%). Os papéis da Ambev passaram a cair com uma realização de lucros seguindo o tom pessimista dos mercados, após subirem pela manhã com um balanço mais forte do que o previsto e com a elevação para compra pelo Credit Suisse.

A agenda de amanhã trará uma nova rodada de indicadores que pode mexer com os mercados, começando pelos PMIs da indústria e setor de serviços da China de julho, além das vendas no varejo de junho da Alemanha e do PIB do segundo trimestre da zona do euro. Já nos Estados Unidos, serão divulgados os dados sobre a renda e gastos pessoais de junho, entre outros indicadores. A evolução da pandemia e negociações sobre o pacote de ajuda nos Estados Unidos continuará no radar.

O dólar comercial fechou em queda de 0,27% no mercado à vista, cotado a R$ 5,1590 para venda, em sessão de forte volatilidade e descolado do exterior, em reação ao número preliminar do PIB dos Estados Unidos no segundo trimestre, no qual teve retração histórica de 32,9% em taxa anualizada. Aqui, na segunda partes dos negócios, investidores começaram a disputa pela formação de preço da taxa Ptax – média das cotações apuradas pelo Banco Central (BC) – de fim de mês.

O gerente de mesa de câmbio da Correparti, Guilherme Esquelbek, reforça a volatilidade exibida na sessão após a moeda norte-americana operar nas máximas, acima de R$ 5,21, acompanhando o exterior negativo com o resultado preliminar do PIB da Alemanha no segundo trimestre com queda histórica de 10,1%, acima do esperado. “E cautela com a disseminação do novo coronavírus pelo mundo”, diz.

Ainda no início dos negócios, saiu a prévia do PIB norte-americano, o que elevou a aversão ao risco no mercado global. Para Esquelbek, os números das duas economias demonstraram que os prejuízos causados pela pandemia do coronavírus está fazendo e poderá fazer ainda mais “estragos” nas economias ao redor do globo.

Ele acrescenta que um fluxo de entrada de recurso estrangeiro levou a moeda a cair no fim da manhã. “À tarde, [o dólar] continuou em baixa, totalmente descolado do exterior, em um movimento que já parece ser o início da formação da taxa Ptax de fim de mês”, destaca.

Amanhã, há uma expectativa em torno da divulgação da prévia do PIB da zona do euro, também no segundo trimestre, no qual para o analista da Toro Investimentos, Lucas Carvalho, é importante observar o resultado. Não só para acompanhar os impactos econômicos provocados pela pandemia, como também observar a reação do euro que vem acumulando ganhos em cima da moeda norte-americana nos últimos dias.

“Os dados de renda de gastos pessoais nos Estados Unidos também podem pesar na precificação do dólar Sexta-feira costuma ter uma sessão mais parada, com poucos negócios. Porém, com a agenda mais pesada, o dia promete ser mais movimentado do que o normal porque também tem a formação de preço da Ptax no último dia do mês”, reforça.

As taxas dos contratos futuros de juros (DIs) fecharam a sessão em queda, refletindo dados preocupantes sobre a economia dos Estados Unidos e da Alemanha, que trouxeram a necessidade de uma ajuda dos bancos centrais para a retomada das economias. Contribuiu também para o recuo nas taxas a queda do dólar comercial.

Ao final da sessão regular, o DI para janeiro de 2021 tinha taxa de 1,91%, de 1,92% no ajuste do último pregão; o DI para janeiro de 2022 estava em 2,63%, de 2,74% do ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 3,65%, de 3,80%; o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 5,23%, de 5,38% na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações norte-americano fecharam em queda, com exceção do Nasdaq, em um dos dias mais movimentados da temporada de balanços e em meio a dados que revelaram a extensão da crise provocada pela pandemia do novo coronavírus na economia.

Dow Jones: -0,85%, 26.313,65 pontos

Nasdaq Composto: +0,43%, 10.587,81 pontos

S&P 500: -0,37%, 3.246,22 pontos