Bolsa e dólar fecham com alta em dia de forte volatilidade

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São Paulo – A Bolsa fechou em alta de 0,17%, aos 123.019,38 pontos, após passar praticamente todo o pregão volátil entre perdas e ganhos com as ações dos bancos valorizadas, mas no final do pregão o Bradesco reverteu o movimento e apenas o Itaú manteve-se em alta. Os papéis das empresas ligadas ao minério de ferro caíram por conta da queda das commodities e as bolsas em Nova York também não contribuíram para o melhor desempenho do Ibovespa. A liquidez foi reduzida.

Por aqui, o presidente Jair Bolsonaro entregou a medida provisória (MP) que substituirá o Bolsa Família, denominado Auxílio-Brasil, mas o valor ainda não foi definido pelo governo. Mas afirmou que o aumento deve ser maior que 50% maior que o tíquete médio atual, de R$ 189 mensais. O ministro da Cidadania, João Roma afirmou que o reajuste do novo Bolsa Família não deve ultrapassar o teto de gastos se o Congresso não a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Precatórios.

Para o analista José Costa Gonçalves, da Codepe Corretora a semana começou com baixa liquidez e “os bancos estão sustentando a alta do índice”. Ele comentou que na parte da manhã “o mercado sentiu a queda do petróleo e do minério de ferro deixando o índice volátil”.

Na visão de Vicente Matheus Zuffo, fundador e CIO da Chess Capital, “as manchetes sobre o novo Bolsa Família estão gerando ruído e podem estar provocando a volatilidade”. Além disso, comentou  que de um lado as commodities estão sofrendo e de outro os bancos sobem contribuindo para a volatilidade.

Para Caio Kaaan Eboli, sócio e diretor  operacional da mesa proprietária Axia Investing, a China mais uma vez derrubou o preço das commodities e contribuiu para a queda do Ibovespa. “Acredito que a Bolsa deva ficar trabalhando entre 121 mil pontos e 124 mil pontos e devendo romper um desses extremos para dar continuidade a sua tendência”. Eboli ressaltou que por outro  lado “as empresas do setor financeiro, que têm forte peso no índice, puxam a Bolsa para cima com os resultados positivos trimestrais”.

Para Scott Hodgson, gestor da Galapagos, o mercado ainda deve ser impactado com a pressão fiscal por aqui, incertezas do Fed sobre o “tapering” [redução de estímulos], ataque regulatório na China e efeitos da variante delta, “contribuindo para uma volatilidade no mercado”.  Mas destacou que a divulgação de resultados de muitas empresas esta semana “dará  boa visibilidade do 3 trimestre e pode ser uma oportunidade para atuar em algumas ações específicas”.

O gestor da Galapagos comentou que as commodities caem devido às preocupações na China e no mundo com a variante delta. Na China, o minério fechou em queda de 3,1%. O petróleo nos Estados Unidos recuava 2,56%.

A sessão foi marcada por altos e baixos, com o dólar cotado a R$ 5,2460, subindo 0,19%. Os dados abaixo do esperado sobre a economia chinesa, além das novas restrições de circulação de pessoas impostas pelo governo chinês, devido ao novo avanço da Covid-19, contribuíram para aumentar a insegurança no mercado internacional. A fala do ministro da Cidadania, João Roma, chegou a reverter brevemente o quadro, porém a moeda norte-americana logo voltou a subir.

Segundo o assessor de investimentos da Valor Investimentos, Wagner Varejão, “a fala do ministro dá mais segurança ao mercado. Tudo que estressa a parte fiscal, vai direto para o câmbio”. Roma prometeu que o governo fará um esforço financeiro para não estourar o teto.

Para o trader da Quantitas, Lucas Monteiro, “o mercado vem precificando mais os ruídos, principalmente no aspecto fiscal, seja na reforma tributária, o novo Bolsa Família ou nos precatórios”.

Na visão de Monteiro, o único modo de acalmar os ânimos é uma correção de rumo: “Temos uma tendência de piora e precisamos de algo para melhorar isso, como um sinal que a equipe econômica mantém a força que tinha no passado, com equilíbrio entre a parte econômica e política”, pontua.

“A surpresa negativa com os dados da balança comercial da China reforçou as preocupações dos investidores com os impactos da variante delta no processo de reabertura da economia, sobretudo nos países asiáticos. Os mercados acionários e os preços do petróleo recuam. O dólar, por sua vez, se fortalece ante as demais moedas”, disse o Bradesco em relatório matinal.

Do lado doméstico, o gestor de ações da Ouro Preto Investimentos, Bruno Komura, ressalta a tensão entre os Poderes como um elemento que “causa muita apreensão” entre os investidores, e aponta que se ela diminuir “o mercado irá ficar menos volátil”.

Essa pacificação pode acontecer após a votação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do voto impresso na Câmara dos Deputados, prevista para esta semana. O assunto foi rejeitado por uma comissão da casa, mas será levado ao plenário para encerrar o assunto de vez, segundo o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).

As taxas dos contratos futuros de Depósito Interfinanceiro (DI) encerraram a sessão em alta, pressionados pelo cenário externo avesso ao risco e também com receio sobre o andamento da política interna. Na metade da tarde as taxas chegaram a operar em queda acompanhando o dólar comercial, que também recuava após fala do ministro da Cidadania, João Roma, sobre o Auxílio Brasil.

Ao final da sessão regular, o DI para janeiro de 2022 apresentava taxa de 6,52%, de 6,485% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 8,22%, de 8,175; o DI para janeiro de 2025 ia a 9,12%, de 9,04% antes; e o DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 9,51%, de 9,38%, na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações norte-americano terminaram a primeira sessão da semana em queda, com exceção do Nasdaq, pressionados pelo setor de energia, depois que os futuros do petróleo despencaram hoje sob o temor de novas restrições ao redor do mundo por conta da disseminação da variante Delta do coronavírus.

Confira a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos no fechamento:

Dow Jones: -0,30%, 35.101,85 pontos

Nasdaq Composto: +0,16%, 14.860,20 pontos

S&P 500: -0,09%, 4.432,35 pontos