Bolsa e dólar fecham em alta, em dia de sinalizações de Haddad sobre arcabouço fiscal

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Foto: Wagner Magni / freeimages.com

São Paulo – A Bolsa fechou em alta de mais de 1%, chegou a superar a marca dos 110 mil pontos no interdiário, em um dia em que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, trouxe alívio ao mercado com o anúncio de que vai apresentar um novo arcabouço fiscal em março.

Somado a esse respiro com o governo, as ações da Vale (VALE) e do setor financeiro também ajudaram a impulsionar o índice. Itaú (ITUB4) avançou 1,70%; Bradesco (BBCD3 e BBDC4) aumentou de 1,93% e 3,92%. Vale (VALE3) subiu 2,18%.

O principal índice da B3 subiu 1,62%, aos 109.600,14 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em fevereiro avançou 1,87%, aos 109.810 pontos. A máxima no interdiário atingiu 110.209,69 pontos. O giro financeiro foi de R$ 37,2 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam em alta.

Idean Alves, sócio e chefe de mesa de operações da Ação Brasil Investimentos, disse que após o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmar que o governo deve antecipar o novo arcabouço fiscal para março, “o Ibovespa chegou às máximas da sessão de hoje e o anúncio surgiu como um respiro de alívio, animando os investidores”.

Alves afirmou que o setor financeiro tem alta no pregão de hoje “por conta do potencial melhora da atividade econômica e do fluxo financeiro antes do esperado”. O avanço da Vale (VALE3) reflete a alta do minério de ferro no porto de Dalian e tem expectativa de um alto fluxo de pagamento de dividendos.

Segundo um analista do mercado financeiro, por conta do vencimento de opções sobre o Ibovespa, “está tendo rolagem de posição na alta hoje”.

Nicolas Farto, sócio e head de renda variável da Vértiq Invest, disse que o bom humor da Bolsa reflete o tom mais amigável que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, adotou em suas declarações esta manhã no evento do BTG Pactual.

“É importante ver a figura do Haddad sinalizar que está disposto a trabalhar com Roberto Campos Neto [presidente do Banco Central], após as críticas do Lula; alta da Vale e balanço da Weg também ajudam no movimento positivo do índice”.

Farto também comentou que o mercado fica na expectativa para as nomeações dos diretores do Banco Central (BC) e para a reunião do Conselho Monetário Nacional (amanhã).

Em relação ao cenário externo, o sócio e head de renda variável da Vértiq Invest disse que os dados de varejo nos Estados Unidos – subiram 3% em janeiro em base mensal e mercado previa 1,9%-“pressionam pra cima e exigem mais juros [Fed].

Rafael Schmidt, operador de renda variável da One Investimentos, disse as falas mais brandas de Haddad no CEO Conference, do BTG Pactual, e os indicadores nos Estados Unidos, ajudam no movimento do Ibovespa.

“Haddad diz que a nova regra fiscal deve ser adiantada para março, o que é favorável; os dados norte-americanos -vendas no varejo acima do esperado e produção industrial estável frente ao mês anterior -animaram o mercado e com isso os Estados Unidos podem estar entrando em uma recessão técnica e precificando as curvas futuras de que o Fed não precisaria subir tanto os juros por mais tempo; os bancos sobem forte”.

O dólar comercial fechou em alta de 0,34%, cotado a R$ 5,2190. O movimento refletiu a dificuldade do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) controlar a inflação norte-americana, sentimento reiterado após a alta de 3% do varejo em janeiro ante dezembro, muito acima das projeções do mercado (+1,9%). Já no âmbito doméstico, o mercado recebeu positivamente a promessa, feita pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de um arcabouço fiscal para março.

“Acho que a taxa terminal será de 5,5% e não vejo cortes tão cedo. De qualquer maneira, isso afeta pouco o Brasil, desde que façamos a lição de casa”, disse Weigt, referindo-se à definição do arcabouço fiscal e aprovação da reforma tributária.

Weigt entende que a garantia de Haddad de que até março as diretrizes fiscais estarão definidas abrem portas para a revisão das metas de inflação e o início no corte da Selic (taxa básica de juros) ainda neste semestre.

Para a economista do Banco Ourinvest Cristinane Quartaroli, “o dólar segue pressionado pelas discussões da meta de inflação e autonomia do Banco Central (BC). O aceno do presidente do BC (Roberto Campos Neto) ao ministério da Fazenda e a sinalização de que não haverá discussão sobre meta de inflação na reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN) nesta semana pode trazer algum alívio do câmbio por aqui. Contudo, o possível reajuste adicional do salário mínimo pode esfriar alguma melhora adicional”.

As taxas curtas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em forte queda após fala do ministro Fernando Haddad durante evento do BTG. O DI para janeiro de 2024 tinha taxa de 13,300% de 13,450% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2025 projetava taxa de 12,620%, de 12,865%, o DI para janeiro de 2026 ia a 12,735%, de 12,975%, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 12,910% de 13,125% na mesma comparação. No mercado de câmbio, o dólar operava em alta, cotado a R$ 5,2160 para venda.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos encerraram o pregão em campo positivo mesmo tendo passado a maior parte da sessão em queda, com os investidores avaliando o que as fortes vendas no varejo, juntamente com os dados mais recentes da inflação nos Estados Unidos, significam para a campanha de aumento da taxa de juros do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano).

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +0,11%, 34.128,05 pontos
Nasdaq Composto: +0,92%, 12.070,6 pontos
S&P 500: +0,27%, 4.147,60 pontos

Com Paulo Holland, Pedro do Val de Carvalho Gil e Julio Viana / Agência CMA.