São Paulo, 17 de outubro de 2024 – A Bolsa fechou em queda. A sessão foi marcada pela aversão ao risco com o Brasil, além da queda das commodities, especialmente o minério de ferro e petróleo.
Segundo o analista da Potenza Capital, Bruno Komura, “as ações mais sensíveis aos juros seguem apanhando, especialmente no varejo. Isso mostra claramente que os investidores estão cautelosos e estão adotando este tipo de postura hoje”.
“Alguns papéis domésticos performam aqui mais negativo por conta desses DI mais altos. Além disso, ainda tem commodities caindo com dólar mais fraco e minério também em queda mais forte depois da decepção que a gente teve da China – a gente não teve nenhum anúncio com relação aos estímulos fiscais do lado imobiliário. Automaticamente você vê uma queda mais forte de Petrobras, de Vale e players domésticos”, explica o analista Rafael Passos, da Ajax Asset.
“O que se beneficia, o que limita um pouco essa queda, de fato são os papéis que se valem de um dólar aqui mais apreciado: Klabin, Suzano, enfim, alguns papéis aí mais exportadores que limitam uma queda maior do índice.”
Mais cedo, foi divulgada a alta de 0,4% do Varejo em setembro, nos Estados Unidos, acima das projeções de +0,3%. Já o número de pedidos de seguro-desemprego caiu a 214 mil, na semana encerrada no último dia 12 – as projeções eram de 250 mil.
Ainda por lá, o índice de atividade industrial regional medido pelo Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) da Filadélfia subiu de 1,7 ponto em setembro para 10,3 ponto em outubro, em uma alta de 8,6 pontos – muito acima da previsão de alta de 3 pontos que o mercado previa.
Além disso, os estoques de petróleo dos Estados Unidos caíram em 2,2 milhões de barris, ou 0,5%, na semana encerrada em 11 de outubro, para 420,5 milhões de barris. Analistas previam alta de 1,9 milhão de barris. Os preços dos contratos futuros do petróleo passaram a cair após a divulgação dos dados de estoques nos Estados Unidos. O mercado de petróleo vem de uma sequência de quatro dias de perdas, à medida que os teme de uma interrupção no fornecimento no Oriente Médio diminuíram e a perspectiva de um superávit paira sobre o mercado para o próximo ano.
O principal índice da B3 caiu 0,53%, aos 130.793,41 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em dezembro recuava 0,45%, aos 132.870 pontos. O giro financeiro foi de R$ 17,5 bilhões.
“As medidas do pacote de revisão de gastos estão em fase final de ajuste e a estratégia da equipe econômica será aprovar propostas que sejam suficientes para evitar um estrangulamento das despesas discricionárias até 2026, mas evitando obstáculos políticos para mudanças mais profundas. Segundo O Globo, estão no foco despesas com educação e saúde, apesar de não haver mudança no mínimo constitucional, com militares, programas sociais, Fundeb e BPC”, opina a Ajax sobre o fiscal doméstico que segue no radar.
O dólar comercial fechou em queda de 0,07%, cotado a R$ 5,6594. A moeda refletiu, ao longo da sessão, a aversão ao risco gerada pelas constantes incertezas fiscais domésticas.
De acordo com o analista da Potenza Capital Bruno Komura, enquanto não houver uma mudança no texto – enviado ao Congresso – que tirou as estatais do orçamento, o clima seguirá de aversão ao risco: “O mercado está cético e não compra mais discursos”, opina.
Komura observa, ainda, que muitos investidores já buscaram proteção, com intensa saída de fluxo estrangeiro: “Tem muita gente posicionada em dólar”.
“Vemos um câmbio praticamente parado, apesar deste dia estressante dos mercados. Já tem bastante coisa ruim precificada na moeda”, pontua Komura.
A economista-chefe do Ouribank, Cristiane Quartaroli, acredita que o fiscal interno “deu uma trégua na sinalização de algum corte dos gastos. Mas ainda é cedo para afirmar que isso será uma realidade”.
As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecham em alta. O ruidoso fiscal brasileiro segue no radar.
Por volta das 16h45 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 11,176% de 11,164% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2026 projetava taxa de 12,655%, de 12,640%, o DI para janeiro de 2027 ia a 12,820%, de 12,810%, e o DI para janeiro de 2028 com taxa de 12,860% de 12,820% na mesma comparação. O dólar opera de lado, cotado a R$ 5,6594 para venda.
Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão desta quinta-feira majoritariamente em alta, impulsionados por dados econômicos robustos que aliviaram temores de uma recessão e pela valorização das ações do setor de chips, após uma previsão otimista da Taiwan Semiconductor (TSMC).
Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:
Dow Jones: +0,37%, 43.239,05 pontos
Nasdaq 100: +0,04%, 18.373,6 pontos
S&P 500: -0,01%, 5.841,47 pontos
Paulo Holland – paulo.holland@cma.com.br (Safras News)
Camila Brunelli – camila.brunelli@cma.com.br (Safras News)
Larissa Bernardes – larissa.bernardes@cma.com.br (Safras News)
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