São Paulo – O Ibovespa fechou em alta de 0,78%, aos 120.355,79 pontos, em um dia no qual as principais bolsas de valores internacionais encontraram muita dificuldade para avançar e o apetite por risco migrou para os mercados de cibermoedas e commodities.
Depois de uma abertura tendendo ao negativo, o principal índice da B3 passou a disputar a marca de 120 mil pontos graças ao reflexo do bom desempenho observado nos ETFs e nas ADRs da Petrobras e da Vale ontem em Nova York, o que repercutiu na bolsa brasileira na encurtada sessão desta Quarta-Feira de Cinzas.
Antes da abertura, Pedro Galdi, analista da Mirae Asset, comentou que a expectativa para o dia era de correção para o índice, “que deve ser puxado pelas ações da Vale, Petrobras e bancos”. Mas o que fez a bolsa firmar-se e malta a partir das 15h foram os vencimentos de opções sobre o Ibovespa e também do índice futuro. “Foi o que sustentou a bolsa acima dos 120 mil pontos”, afirmou um experiente operador de renda variável.
Enquanto isso, o recente salto no rendimento dos títulos da dívida do governo dos Estados Unidos leva os investidores a se perguntarem até onde – e quando – os ativos de risco devem continuar subindo antes da interrupção deste movimento.
No exterior, a perspectiva de que a economia retornará aos níveis pré-pandemia é amparada pelo avanço das campanhas de vacinação contra a covid-19. Entretanto, o Brasil é um dos lugares onde o ritmo lento da vacinação coloca esse otimismo em xeque.
Ao longo dos últimos dias, diversas capitais e cidades brasileiras começaram a interromper a vacinação à medida que as doses da vacina vão chegando ao fim sem que haja um cronograma de entrega de imunizantes. Ao mesmo tempo, também na contramão do resto do mundo, o número de mortes pela doença no Brasil segue em alta.
Com isso, os agentes do mercado financeiro levam em consideração que o governo não terá como se furtar de uma nova rodada de auxílio emergencial, uma vez que o avanço da doença inibe a recuperação econômica. A questão é se a retomada do auxílio emergencial terá alguma contrapartida fiscal ou se colocará em risco o teto de gastos.
No campo político, o assunto mais relevante do dia é a prisão do deputado federal Daniel Silveira, da ala bolsonarista do PSL. Ele defendeu a destituição dos ministros do Supremo Tribunal Federal e foi alvo de um mandado de prisão do ministro Alexandre de Moraes. A permanência dele na prisão depende de decisão da Câmara dos Deputados.
Na reta final de uma sessão mais curta, o dólar comercial tem alta firme frente ao real em dia de valorização global da moeda após dados mais fortes da economia norte-americana, enquanto os títulos de dívida do governo dos Estados Unidos tiveram forte avanço ontem, com o vencimento de 10 anos indo a 1,30%. Às 16h20 (de Brasília), o dólar à vista subia 0,76%, cotado a R$ 5,4150 para venda, enquanto o contrato para março operava em alta de 0,80%, a R$ 5,4170.
O diretor da corretora Mirae Asset, Pablo Spyer, destaca que o dólar se ajusta na volta do feriado prolongado, acompanhando o exterior mais negativo para as moedas de países emergentes.
“Nos Estados Unidos, saíram dados mais fortes, o que corroborou para a valorização da moeda”, diz. As vendas no varejo subiram mais do que o esperado em janeiro, 5,3% ante dezembro do ano passado, enquanto analistas previam alta de 1,2%.
Spyer acrescenta que, na volta do feriado de carnaval, o mercado doméstico está na expectativa de notícias sobre o auxílio emergencial, que deverá voltar a ser pago no mês que vem, conforme declarações do presidente Jair Bolsonaro e de parlamentares na semana passada.
As taxas dos contratos de juros futuros (DIs) são negociadas em alta desde a abertura do pregão, que começou no início da tarde, com o foco dos negócios ainda na cena política brasileira. Os investidores seguem à espera de novidades sobre a nova rodada do auxílio emergencial, mas as atenções em Brasília estão concentradas nas tratativas após o encarceramento do deputado federal Daniel Silveira (PSL-RJ), preso em “flagrante delito” na noite de ontem.
Às 15h30, o DI para janeiro de 2022 tinha taxa de 3,405%, de 3,36% no ajuste anterior, ao final da semana passada; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 5,055%, de 4,96% após o ajuste na última sexta-feira; o DI para janeiro de 2025 estava em 6,62%, de 6,52%; e o DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 7,28%, de 7,19%, na mesma comparação.
Os principais índices do mercado de ações norte-americano fecharam sem uma direção comum, com os investidores mudando de posições no setor de tecnologia, que garantiu fortes ganhos em Wall Street durante a pandemia do novo coronavírus.
Confira abaixo a variação e a pontuação dos principais índices de ações dos Estados Unidos no fechamento:
Dow Jones: +0,29%, 31.613,02 pontos
Nasdaq Composto: -0,58%, 13.965,50 pontos
S&P 500: -0,03%, 3.931,33 pontos
