Bolsa e dólar sobem acompanhando exterior e balanços corporativos

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São Paulo – O Ibovespa fechou em alta de 1,33%, aos 116.517,59 pontos, acompanhando a recuperação das Bolsas no exterior na expectativa de que a China anuncie novos estímulos econômicos, além de refletir uma série de balanços corporativos positivos. O volume total negociado foi de R$ 23,4 bilhões.

“Estamos vendo alguns dias mais negativos em função dos efeitos do coronavírus, mas outros melhores quando a agenda é mais positiva e temos balanços melhores”, disse o analista do banco Daycoval, Enrico Cozzolino.

Os principais mercados acionários subiram hoje depois da queda de ontem em função do coronavírus, esperando que o banco central chinês, que decide hoje sobre a política monetária, possa continuar com estímulos para reduzir efeito do surto.

Hoje, a ata do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) já mostrou que os membros do seu comitê se mostraram abertos à ideia de usar a política monetária como ferramenta de proteção contra riscos de estabilidade financeira, se necessário.

Já na cena doméstica, os destaques foram os balanços, além das expectativas por resultados que ainda serão divulgados nos próximos dias, como os da Petrobras (PETR3 2,68%; PETR4 1,97%), que sai ainda hoje. Os papéis também refletiram a alta dos preços do petróleo.

A maior alta do Ibovespa foi das ações da WEG (WEGE3 8,50%), que refletiram um resultado financeiro acima do esperado pelo mercado. Segundo o analista da Necton Corretora, Glauco Legat, a companhia tem mostrado um bom desempenho, além de ser pagadora de dividendos e com a alta de hoje ultrapassou os R$ 100 bilhões de valor de mercado pela primeira vez.

Ainda entre as maiores altas ficaram as ações da Via Varejo (VVAR3 8,50%) e da Gerdau Metalúrgica (GOUA4 5,18%), que atraíram compras depois de ficarem entre as maiores quedas mais cedo refletindo o balanço mais fraco do que o previsto da Gerdau.

Na contramão, as maiores quedas do índice foram da Hering (HGTX3 -2,88%), que reagiram a resultados abaixo do esperado pelo mercado, além da Cogna (COGN3 -2,19%) e da BR Distribuidora (BRDT3 -1,15%).

Na agenda de amanhã, investidores devem observar dados como o IPCA-15 na cena doméstica e indicadores norte-americanos como os pedidos de seguro-desemprego e o índice de indicadores antecedentes.

Para o economista da Guide Investimentos, Alejandro Ortiz, há potencial para a Bolsa subir mais amanhã, já que voltou a superar os 116 mil pontos. “Mas observando os últimos movimentos, ela sobe um dia, cai 2% no outro e assim vai”, completou, lembrando que o índice tem mostrado volatilidade em função das incertezas que ainda cercam o coronavírus.

O dólar comercial fechou em alta de 0,11% no mercado à vista, cotado a R$ 4,3650 para venda, renovando a máxima histórica pelo segundo pregão seguido, acompanhando o exterior onde a moeda estrangeira segue fortalecida em meio às incertezas dos efeitos do coronavírus. Aqui, prevaleceu o movimento de proteção.

O diretor superintendente de câmbio da Correparti, Jefferson Rugik, comenta que seguiu um movimento “forte” de proteção no mercado doméstico. Enquanto lá fora, segue a preocupação com o mercado global, mesmo com o recuo nos casos confirmados de coronavírus, diz o diretor de câmbio do grupo Ourominas, Mauriciano Cavalcante.

Para o economista da Guide Investimentos, Alejandro Ortiz, o real deverá continuar com a tendência depreciativa no curto prazo. “Fica também a expectativa do Banco Central entrar no mercado de novo com os novos recordes de fechamento”, ressalta. Cavalcante, por sua vez, acrescenta que a autoridade monetária não deverá intervir no câmbio antes do feriado.

“Não creio que a autoridade monetária entraria neste momento. O movimento na semana passada foi diferente, o mercado estava bastante especulativo. Agora não está mais assim. E acho difícil o Banco Central entrar antes do carnaval já que está tendo muita proteção”, diz.

Amanhã, na abertura dos negócios, investidores devem reagir ainda à decisão de política monetária do Banco do Povo da China (Pboc, o banco central do país).