São Paulo – Após a perda da véspera com as tensões políticas, o Ibovespa se recuperou, operou todo o pregão em alta e fechou em terreno positivo. Com isso, o principal índice da B3 registrou ganho de 1,53%, aos 127.018,71 pontos. O giro financeiro foi de R$ 28,5 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam em alta.
O ganho foi acentuado após a divulgação da ata do Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano) referente a reunião dos membros da instituição nos dias 15 e 16 de junho.
O documento mostra que os membros do Fed concordaram em discutir a redução da compra de títulos hipotecários para o próximo encontro e eles admitiram que a inflação acelerou mais que o esperado devido a problemas de oferta, mas reafirmam que é transitória.
Segundo Davi Lelis, especialista e sócio da Valor Investimentos, os membros do Fed sinalizaram que existe uma recuperação da economia, mas de forma heterogênea e que a inflação e o emprego estão distante das metas ancoradas, no entanto “estão passando um discurso apaziguador para o mercado que a inflação é temporária, e com isso estão discutindo a redução na compra dos ativos; a Bolsa reagiu de forma positiva”.
De acordo com José Costa Gonçalves, da Codepe Corretora, a ata foi positiva e “sinalizaram que a economia está sob controle”. A alta mais expressiva na Bolsa indica que “os investidores endossaram a ata”.
Segundo o analista sênior, Luiz Henrique Wickert, da plataforma de investimentos sim; paul, a Bolsa está “em recuperação da exagerada queda de ontem”, mas explica que o mercado segue preocupado com a reforma tributária. Mais cedo, o Ibovespa deu uma desacelerada na alta devido à fala do ministro da Economia Paulo Guedes. “No primeiro momento, Guedes insistiu em tributar os dividendos em 20% e paraece que deu uma pesada no mercado”, quando ele esclareceu que o que pretende tributar de dividendo ele vai aliviar ou tributar menos a empresa, aí o mercado se acalmou e teve uma forte alta”.
Ele comenta que existe uma alta generalizada nos papéis do Ibovespa. As ações das siderúrgicas têm bom desempenho com a alta do minério de ferro e destaque para Magazine Luiza (MGLU 3) devido ao resultado das vendas no varejo, que subiram mais de 4,00%.
Por aqui, as vendas no varejo, excluindo veículos e materiais de construção, registraram alta de 1,4% em maio na comparação com abril. O resultado ficou abaixo da estimativa da mediana do Termômetro CMA, +2,5%. Os dados foram divulgados pelo Instituto de Geografia e Estatística (IBGE). Em relação a maio do ano passado, as vendas subiram 16%.
Para os analistas da XP Investimentos, as vendas varejistas “vem mostrando recuperação nos últimos meses após tombo visto em março, com o aumento da mobilidade, a nova rodada de pagamento de auxílio emergencial e retomada de confiança do consumidor”, afirmam.
O dólar comercial fechou em alta de 0,55% no mercado à vista, cotado a R$ 5,2380 para venda, engatando a sétima alta seguida e no maior valor de fechamento desde 27 de maio, em sessão de forte volatilidade e amplitude da moeda, ainda na esteira da cautela local com o cenário político, fiscal e com investidores digerindo a ata da última reunião do Fed.
O economista da Guide Investimentos, Alejandro Ortiz, destaca que a postura do Fed observada na ata foi “dovish” (suave) ao reforçar que o “progresso substancial em torno dos objetivos” não foi alcançado. “A falta de horizonte para a alta de juros por lá e para a retirada de compra de ativos deu uma sossegada no mercado. Mas um sinal mais claro sobre isso só deve ser dado em agosto”, comenta.
Ao longo da sessão, a proteção prevaleceu aqui e no exterior e levou o dólar a operar a R$ 5,28, em meio à persistente cautela local com o ambiente político e com o fiscal, após o ministro da Economia, Paulo Guedes, reforçar que “é preciso tributar dividendos”, conforme proposto na reforma tributária.
Ainda sobre a ata do Fed, o CIO da TAG Investimentos, Dan Kawa, diz que o documento não trouxe “grandes novidades” em relação ao que já vem sendo dito pelos membros do Fed. “Segue o jogo, sem grandes surpresas”, diz, acrescentando que, pelo cenário ser “turvo e incerto”, a divisão interna na autoridade monetária também é grande. “Na dúvida, eles devem ser mais cautelosos e não acelerar a normalização monetária, se os dados de inflação não subirem, acima do que já se espera, muito mais nos próximos meses”, avalia.
A equipe econômica da Capital Economics reforça que as discussões sobre a redução gradual da compra de ativos concluíram que, nas próximas reuniões, os dirigentes do Fed concordaram em continuar avaliar a evolução da economia em direção às metas do banco central e começar a discutir os planos de ajuste da trajetória e composição das compras de ativos. “Então, não foi tão ‘hawkish’ [duro] quanto temido”, acrescenta.
Amanhã, o destaque da agenda de indicadores fica para a inflação oficial doméstica, com previsão de desaceleração do IPCA em junho, com estimativa de alta de 0,60% na comparação com maio, segundo o Termômetro CMA. Ortiz, da Guide, pondera que o resultado do indicador poderá dar a tônica da sessão, que pode ser também de cautela à véspera do feriado local na sexta-feira e que fechará a bolsa brasileira (B3).
As taxas dos contratos de juros futuros (DIs) deixaram de lado a tensão política que nos últimos dias prejudicou o desempenho da maioria dos ativos locais e fecharam em queda depois da divulgação da ata da mais recente reunião do Fomc, o comitê de política monetária do Fed.
Com isso, o DI para janeiro de 2022 encerrou com taxa de 5,76%, de 5,77% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 7,22%, de 7,26%; o DI para janeiro de 2025 ia a 8,24%, de 8,33% antes; e o DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 8,67%, de 8,75%, na mesma comparação.
Os principais índices do mercado de ações norte-americano terminaram o dia em alta, depois que a ata da reunião do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) mostrou que os membros do comitê de política monetária estão se preparando para a redução das compras de ativos. O S&P 500 e o Nasdaq renovaram recorde no fechamento com o avanço do setor de tecnologia.
Confira abaixo a variação e a pontuação dos principais índicesde ações dos Estados Unidos no fechamento:
Dow Jones: +0,30%, 34.681,79 pontos
Nasdaq Composto: +0,01%, 14.665,10 pontos
S&P 500: +0,33%, 4.358,13 pontos