Bolsa e dólar sobem com dados nos EUA; política segue no radar

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São Paulo – Após as perdas da semana, o Ibovespa fechou em alta de 1,55%, aos 127.621,55 pontos, e voltou ao patamar dos 127 mil pontos impulsionado pelo relatório de emprego (payroll, sigla em inglês) nos Estados Unidos, considerado um dos dados mais importantes para entender a economia norte-americana, e a recuperação das ações das instituições financeiras e Vale.

A economista-chefe Simone Pasianotto, da Reag Investimentos, ressalta que o payroll e recuperação dos papéis dos bancos contribuíram para a alta forte no Ibovespa. “O destaque fica por conta do reequilíbrio do Itaú, Bradesco, que são pesos pesados do índice, e Vale”.

Em relação ao relatório de emprego, a economista-chefe da Reag Investimentos avalia que “está em linha com desempenho do ativo de risco no exterior e favorece a tese da retomada global com tom mais duro dos dirigentes do Fed”.

As ações do Bradesco (BBDC3 e BBDC4) e do Itaú (ITUB4) encerraram o pregão de hoje com valorização de 1,66% e 2,40% e 1,07% respectivamente, após forte queda durante a semana. Os papeis da Vale (VALE3) ganharam 2,06%.

Nos Estados Unidos, foram criados 850 mil postos de trabalho em junho, segundo o relatório de emprego (payroll, sigla em inglês) divulgado pelo Departamento de Trabalho. O resultado ficou acima das estimativas dos analistas, que esperavam a criação de 700 mil vagas.

A taxa de desemprego subiu para 5,9% em junho, contra 5,8% maio e ficou acima das estimativas dos analistas, de 5,7%%.

Para o analista José Costa Gonçalves, da Codepe Corretora, “os dados da indústria ajudaram na melhora do índice e os bancos que viam caindo em várias sessões consecutivas melhoraram a performance”.

Ele acrescenta que as ações da BR Distribuidora é o grande destaque do Ibovespa, desde a véspera. “A Petrobras aguarda a Opep+ (reunião da Organização dos Países exportadores de Petróleo), mas na sessão de hoje está mais compradora”. Os papéis da Petrobras estão entre os mais negociados da Bolsa.

Para Joni Vargas, sócio da Zahl Investimetnos, o payroll foi “o gatilho” para o movimento positivo para a Bolsa. “Os agentes econômicos entendem que é hora de comprar aproveitando a oscilação de curto prazo que a bolsa vem apresentando nos últimos dias”, afirma.

O dólar comercial fechou em alta de 0,17% no mercado à vista, cotado a R$ 5,0540 para venda, engatando a quarta sessão seguida de sinal positivo em dia de forte volatilidade, em meio aos ruídos políticos que levaram a moeda local a se deslocar dos pares no exterior, onde a maioria das divisas de países emergentes reagiram positivamente ao resultado acima do esperado do relatório de empregos nos Estados Unidos, o payroll.

Sobre o resultado do payroll, no qual os analistas esperavam a abertura de 700 mil vagas, a equipe econômica da XP diz que os investidores fizeram a leitura de que a economia continua se recuperando em ritmo forte, mas ainda existe folga no mercado de trabalho, impedindo o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) de retirar estímulos “muito rapidamente”.

O dólar chegou a cair mais de 1% na primeira parte dos negócios, a R$ 4,98, em reação ao resultado do payroll, porém, a cautela que prevaleceu ao longo da semana voltou à cena após a notícia de que a Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu a abertura de um inquérito para investigar se o presidente Jair Bolsonaro foi omisso em relação às denúncias de irregularidades no contrato de compra da Covaxin, a vacina contra a covid-19 desenvolvida pela Bharat Biotech.

“As tensões políticas envolvendo o caso Covaxin e a abertura do inquérito pela PGR contra Bolsonaro impediram que o real acompanhasse o bom humor de seus pares”, avaliam os analistas da XP.

A próxima semana será marcada por uma agenda de indicadores robusta aqui e no exterior, além de feriados nos Estados Unidos, na segunda-feira e em São Paulo, na sexta-feira, reduzindo a liquidez dos negócios. A equipe econômica do Bradesco destaca que a inflação doméstica em junho estará no foco da agenda.

“Depois da variação levemente abaixo da esperada no IPCA-15, as atenções se voltam para o resultado fechado do mês e suas implicações para a política monetária. Os dados do varejo em maio também serão importantes termômetros para a atividade econômica no segundo trimestre”, ressalta.

Lá fora, as atenções serão para a ata da última reunião do Fed. “Diante das mudanças nas projeções feitas pelos membros do banco central dos Estados Unidos no comunicado da decisão de junho, os analistas buscarão na ata pistas sobre os próximos passos da política monetária americana”, acrescentam os analistas do banco.

A política local segue no radar do mercado com a previsão de novos depoimentos na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga os gastos do governo federal no combate à pandemia de covid-19.

As taxas dos contratos de juros futuros (DIs) fecharam em leve queda diante dos resultados da produção industrial brasileira e do payroll, o relatório oficial do governo dos Estados Unidos sobre a situação do mercado de trabalho no país. Entretanto, a volatilidade cambial fez com que as taxas oscilassem dentro de margens bastante estreitas.

Com isso, o DI para janeiro de 2022 fechou com taxa de 5,68%, de 5,71% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 7,07%, de 7,12%; o DI para janeiro de 2025 ia a 8,15%, de 8,17% antes; e o DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 8,60%, de 8,62%, na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações norte-americano terminaram o dia e a semana com ganhos, graças aos dados que mostraram que o mercado de trabalho dos Estados Unidos está se recuperando dos efeitos da pandemia de covid-19. Enquanto o Nasdaq renovou máxima intradiária, o S&P 500 alcançou o sétimo recorde seguido no fechamento, na maior sequência de ganhos desde 1997.

Confira a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos no fechamento:

Dow Jones: +0,44%, 34.786,35 pontos

Nasdaq Composto: +0,80%, 14.639,30 pontos

S&P 500: +0,75%, 4.352,34 pontos