Bolsa e dólar sobem com decisão do Fed e espera por Copom

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São Paulo – A Bolsa fechou em alta de 1,84%, aos 112.282,28 pontos, em mais um dia de recuperação com o cenário de mais positivo em relação à Evergrande, segunda maior incorporadora da China, e com os investidores reagindo à divulgação da política monetária do Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano). Os agentes financeiros aguardam decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) sobre a taxa de juros do Brasil, após o fechamento do mercado.
As ações das empresas ligadas às commodities tiveram forte valorização devido à alta do minério-16% no porto de Qingdao, na China-, após as quedas das últimas semanas. Os papéis da mineradora Vale (VALE3) avançaram 3,55%; Usiminas (USIM5), Gerdau (GGBR4) e CSN (CSNA3) subiram 8,70%, 5,83% e 1,94%, nessa ordem.
Caio Henrique Soares Rodrigues, head e estrategista da Speed Invest, comentou que o mercado recebeu positivamente a decisão do Fed, embora estivesse esperando o momento do tapering. “O grande trigger do mercado é quando vai ser a retirada dos estímulos, mas a autoridade monetária não divulga o cronograma, apenas sinalizou que está monitorando os indicadores, como o payroll, para anunciar a data correta. O mercado espera para novembro”.
O head e estrategista da Speed Invest afirmou que a injeção de dinheiro anima o mercado, mas a preocupação é “até quando o mercado vai agir com as próprias pernas sem precisar do auxílio desses estímulos e quanto está dependente disso”.
José Costa Gonçalves, analista da Codepe Corretora, explicou que os investidores sentiram um certo alívio com a Evergrande. “O mercado absorveu bem o anúncio do pagamento de uma das dívidas da gigante do setor imobiliário e espera por mais medidas vindas da China para salvar a empresa e os compradores de imóveis”.
O analista da Codepe Corretora comentou que os investidores estão na expectativa do Fed. “Em função da economia nos Estados Unidos não estar muito aquecida, o ‘tapering’ não deve vir agora”. Ele chamou a atenção pela melhor performance das empresas ligadas às commodities e citou que “a Vale acompanha as mineradoras no exterior, como Anglo American, Rio Tinto e Glencore, que subiram 3,56%; 2,85% e 3,91%, respectivamente”.
Em relação ao Copom e Fed, Fabio Astrauskas, CEO da consultoria Siegen e professor do Insper, acredita que a alta que virá na taxa de juros do Brasil “não será suficiente para conter a inflação e a fuga de capital estrangeiro e, nos Estados Unidos, o banco central do país não deve promover a retirada de estímulos e nem subir os juros”.
Para Filipe Villegas, estrategista de ações da Genial Investimentos, o anúncio do pagamento do cupom de juros por uma das subsidiárias da Evergrande “deve dar um alívio para os mercados globais e para as commodities metálicas. Não acredito que seja o final da história até que o problema seja estruturalmente endereçado, mas por momento poderia estancar o movimento negativo do mercado”, enfatizou.
O dólar comercial fechou em R$ 5,3030, com alta de 0,32%. Esta valorização da moeda norte-americana deve-se ao presidente do Fed, Jerome Powell, ter deixado as portas abertas para o tapering (remoção de estímulos) iniciar já na próxima reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), em novembro.
Segundo o head de renda variável da Valor Investimentos, Pedro Lang, “o mercado está recebendo bem as notícias dos Estados Unidos”. “O Fed está consciente que a inflação é transitória e vai dar continuidade à sua política fiscal”, opina o analista, que diz duvidar que a instituição americana dê um “cavalo de pau”.
Lang ainda acredita que no caso de países emergentes, como o Brasil, a continuidade da injeção de liquidez – além dos juros baixos -, na economia norte-americana, é algo positivo: “isso continua premiando o risco de investir na nossa economia, pois temos juros convidativos”, pontua.
De acordo com o economista-chefe da Necton, André Prefeito, “isso (o câmbio) pode ser uma leitura de que o Fomc pode ter uma fala mais clara sobre o início do tapering (remoção de estímulos), e por outro lado os juros brasileiros devem subir abaixo do que o mercado esperava há duas semanas. Essa somatória pode fazer com que o dólar ganhe força”.
Perfeito também acredita que algo for encaminhado na questão dos precatórios, pode aliviar principalmente os juros mais longos.
Para o analista da Levante, Enrico Cozzolino, “o dólar deve continuar fraco pelos estímulos que provavelmente serão mantidos nos Estados Unidos. A surpresa seria se o tapering começar depois do previsto”. Neste caso, a moeda norte-americana seria afetada negativamente.
“A não ser que ocorram surpresas nos Estados Unidos, o dólar futuro deve operar abaixo dos R$ 5,280”, pontua o analista.
O mercado também não aguarda surpresas para a reunião do Copom, já que o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, já deu a entender, na última semana, que o aumento da Selic (taxa básica de juros) deve ser de 1 ponto percentual.
Já com os precatórios, o desafio é outro: “Agora é preciso entender como isso será pago, como irão costurar este acordo”, pontua Cozzolino. Ainda existem muitas dúvidas que pairam sobre os termos desta negociação.
As taxas dos contratos futuros de Depósito Interfinanceiro (DI) fecharam a sessão mistas, refletindo o anúncio das decisões de política monetária do Fed, anunciadas às 15h, e na expectativa da decisão do Copom, após às 18h.
Ao final da sessão regular, o DI para janeiro de 2022 tinha taxa de 7,130%, de 7,100% no ajuste de ontem; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 8,820%, de 8,835%; o DI para janeiro de 2025 ia a 9,800%, de 9,840% antes e o DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 10,200%, de 10,300%, na mesma comparação.
Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em campo positivo depois que o Fed divulgou sua decisão de manter as taxas básicas de juros próximas do zero e anunciou que, em breve, deve reduzir sua compra de ativos.
Confira abaixo a variação e a pontuação dos principais índices de ações dos Estados Unidos:
Dow Jones: +1,00%, 34.258,32 pontos
Nasdaq Composto: +1,02%, 14.896,8 pontos
S&P 500: +0,95%, 4.395,64 pontos