São Paulo – A crise ministerial por disputas políticas entre o governo de Jair Bolsonaro e o chamado Central. Provocou muita volatilidade no pregão de hoje. A saída dos dois ministros-Relações Exteriores, pela manhã, e da Defesa agora à tarde, provocou uma ligeira queda no início, mas se recuperou. O Ibovespa fechou em alta de 0,55%, aos 115.418,72 pontos.
Para Henrique Esteter, analista da Guide Investimentoa, o bom desempenho das ações de siderurgia e mineração, que apresentam grande relevância no índice sustentam o ganho na Bolsa. Esses papéis são favorecidos com o ganho do minério de ferro. As ações das siderúrgicas foram o destaque positivo. Os papéis da Vale (VALE3) avançaram 2,56%, CSN (CSNA) subiram 3,67% e Gerdau ganhavam (GGBR4) 1,39%.
“O cenário parece ficar claro que esses setores se beneficiam e salvam a bolsa. Esse movimento sustenta o patamar de 115 mil pontos do Ibovespa e impede derrocadas ainda maiores”, acrescenta.
O ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, informou por meio de uma nota oficial, que deixará o cargo. O motivo ainda não é conhecido. O general está no governo do presidente Jair Bolsonaro desde 2018.
Mais cedo, o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, também entregou o comando da pasta. Ainda não se quem ocupará os ministérios.
Nesse fim de semana o ministro Araújo, iniciou um contra-ataque ao Senado porque se sente pressionado pelo Congresso, empresários, e outros setores da sociedade a deixar o cargo.
Uma insinuação do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, dirigida à senadora Kátia Abreu (PP-TO), causou indignação no Senado e aumentou a pressão política para que ele saísse do cargo.
Ontem, Araújo escreveu em sua conta no Twitter que “em 4 de março recebi a Senadora Kátia Abreu para almoçar no MRE. Conversa cortês. Pouco ou nada falou de vacinas. No final, à mesa, disse: ‘Ministro, se o senhor fizer um gesto em relação ao 5G, será o rei do Senado.’ Não fiz gesto algum.”
A declaração, uma insinuação de que os ataques que vêm sofrendo são resultado de sua resistência a atender interesses velados do Senado, revoltou os congressistas – inclusive o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG).
“A tentativa do ministro Ernesto Araújo de desqualificar a competente senadora Kátia Abreu atinge todo o Senado Federal. E justamente em um momento que estamos buscando unir, somar, pacificar as relações entre os Poderes. Essa constante desagregação é um grande desserviço ao País”, disse ele, em sua conta no Twitter.
A declaração de Pacheco foi uma crítica direta ao Planalto, apenas alguns dias depois de uma reunião que supostamente forjaria a união entre os Poderes para o combate da pandemia de covid-19. A aliança já havia sido colocada em dúvida por declarações do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), na semana passada, de que estava enviando um “sinal amarelo” ao governo em relação à condução da crise.
O dólar comercial fechou em alta de 0,47% no mercado à vista, cotado a R$ 5,7670 para venda, engatando a quarta alta seguida, em sessão de forte volatilidade em meio à baixa liquidez em semana de feriado e fortalecimento da moeda ante as divisas de países emergentes. Aqui, prevaleceu a cautela em meio ao receio com o cenário fiscal, após a aprovação do Orçamento de 2021, e com a demissão de dois ministros do governo de Jair Bolsonaro.
O gerente da mesa de câmbio da Correparti, Guilherme Esquelbek, reforça que prevalece no mercado doméstico o “desconforto” com o avanço da covid-19 no país e com o cenário fiscal. O mercado se atenta e se preocupa com possíveis “pedaladas” adotadas na votação do Orçamento para 2021, como uma forma de abrir espaço para emendas parlamentares.
No cenário político, dois ministros pediram demissão hoje. O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, que no fim de semana fez insinuações dirigidas à senadora Kátia Abreu, o que causou indignação no Senado e aumentou a pressão política para que ele saísse do cargo. Depois, o ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, pediu demissão por meio de uma carta sem informar o motivo da saída.
“O risco fiscal e a pandemia seguem provocando cautela na cena doméstica. Ao longo da tarde, até teve um desmonte de posições defensivas, mas o cenário interno é muito ruim”, comenta o diretor de uma corretora nacional.
Amanhã, com a agenda de indicadores mais fraca, o chefe da mesa de câmbio da Terra Investimentos, Vanei Nagem, destaca que o volume de negócios deve seguir baixo e com liquidez mais fraca já que é feriado no fim da semana em boa parte do mundo, enquanto em São Paulo é feriado durante toda a semana após a antecipação de datas como medida restritiva para conter o avanço da covid-19 na capital paulista.
“O dólar vai oscilar a semana toda não apenas com o feriado e a liquidez mais fraca, mas na quarta-feira tem a formação [de preço] da taxa Ptax [de fim de mês]. Vai ser uma semana volátil”, diz.
As taxas dos contratos de juros futuros (DIs) encerraram a sessão em alta, refletindo a preocupação do mercado com o cenário fiscal e ajustando os contratos mais longos em linha com a taxa projetada no relatório de mercado Focus, do Banco Central (BC), no qual elevou a taxa básica de juros (Selic) em 2023 e em 2024 após semanas de estabilidade. Investidores também seguem atentos ao cenário de inflação e o risco fiscal no país.
Ao final da sessão regular, o DI para janeiro de 2022 subia para 4,765%, de 4,725% na sexta-feira. O DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 6,645%, de 6,53%; o DI para janeiro de 2025 ia a 8,28%, de 8,11%, e o DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 8,83%, de 8,69%.
Os principais índices do mercado norte-americano de ações fecharam a primeira sessão da semana mistos, recuperando-se parcialmente das perdas iniciais, à medida que os investidores avaliavam as possíveis consequências para os bancos de uma liquidação bilionária na semana passada.
Confira a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos no fechamento:
Dow Jones: +0,30%, 33.171,37 pontos
Nasdaq Composto: -0,60%, 13.059,60 pontos
S&P 500: -0,08%, 3.971,09 pontos